Os The Happy Mess estão de volta com um novo álbum, 'Half Fiction', onde a sua criatividade ganhou asas para nos brindar com este regresso mais futurista, ou não fosse o seu produtor Rui Maia, dos X-Wife. Depois de ouvirmos o disco - e de termos tido uma pequena conversa com alguns elementos do grupo - não poderíamos faltar ao concerto de apresentação no Centro Cultural de Belém (CCB), a 15 de outubro, em Lisboa.

Para começar, é com uma certa tristeza que notamos que a afluência ao concerto não é a devida ou esperada de um espetáculo como o que pudemos presenciar. A sala ficou composta, mas não cheia, e o boa parte dos espectadores eram amigos e familiares a convite dos músicos em palco.

Contudo, os The Happy Mess subiram a palco arrancando em grande euforia com "Please Come Home", uma das faixas do seu novo álbum, seguida de 'You & Me', durante a qual a banda mal parou para respirar, movendo-se pela adrenalina que se notava correr pelos corpos. Ao longo da noite, o grupo foi sempre acompanhado pela dupla teatral feminina que também marcou presença.

As palmas foram fluindo, os 'obrigados' passageiros eram intervalados por curtos momentos para abrandar a sede, e toda esta fluidez se manteve até ao primeiro discurso mais longo de Miguel Ribeiro, vocalista e guitarrista da banda: "Obrigado por terem vindo! Para nós, esta é uma noite especial por ser a primeira vez que tocamos estas músicas para vocês (...) É o princípio de uma nova aventura", declarava dando a entrada de outra estreia, 'Heaven (Is In My Basement)'.

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E se todo o seu reportório parecia ser em inglês, eis que a banda decidiu contrariar a maré ao presentear-nos com a sua única faixa em português do seu novo álbum, 'Última C.E.I.A.'. Embora Miguel Ribeiro tenha deixado o alerta para a pequena aventura na sua língua materna, na eventualidade de algo poder soar menos bem, do nosso lado pareceu-nos que o grupo está aprovadíssimo nessa opção.

'Lost & Found' e 'Under The Rain' foram outras duas faixas novas, tendo havido lugar para agradecimentos que, mesmo sem lista, pareciam nunca ter fim. Mas se todos estavam sentados e organizados na plateia, depressa o cenário mudou após um apelo da banda, podendo observar-se uma mudança de lugares e de postura no público presente que ficou, decididamente, mais solto.

Escusado será dizer que o inédito processo de produção (o disco foi geavado na floresta de Paredes de Coura) calhou em conversa: "Nós nem tínhamos TV! Essa coisa horrível, não é? Só tínhamos um pastor e um cãozinho (...) mas no meio disto tudo temos o nosso CD feito. Por isso nós somos tipo os Beatles, mas uns 30 anos mais tarde, ou melhor, uns 50, porque eles são mesmo velhos, mortos! Um deles pelo menos. Whatever, eu tenho este problema de ser falador", comentava em tom de graça, presenteando-nos em seguida com uma outra faixa do novo álbum, 'Last Man Standing'.

Por fim, após um discurso de Joana Duarte, vocalista na banda, que apresentou toda a comitiva presente excepto a si própria, e tendo existido direito a um pequeno encore de três faixas adicionais, a banda despediu-se muito brevemente do público, deixando o palco com um sorriso na cara.

Da nossa parte podemos apenas dizer que o grupo não foi o único a sair com um sorriso. E se houve momentos de revolta entre o público, esses foram apenas pela falta de apoio à música em Portugal, especialmente a boa música, como foi (efetivamente) o caso. Happy ou Mess? Digamos que as duas não se separam.

Fotografia: Ana Castro