Em declarações à Lusa, a diretora do Parque de Serralves, Helena Freitas, explicou que a exposição, que é de facto uma viagem pela botânica de Lourdes Castro, Humboldt e outros artistas e exploradores, nasceu de uma proposta da artista colombiana Claudia Isabel Navas que apresentou este projeto, estruturado no sentido de mostrar o papel dos herbários, enquanto elemento de preservação e de divulgação da biodiversidade.
“Era uma forma de reunir e estudar mais tarde para revelar um pouco à ciência também essa biodiversidade. Há também aqui essa intenção de mostrar uma metodologia cronológica e de apresentação da biodiversidade vegetal. Por outro lado, fazemos também aqui composições diversas de base artística, porque, de facto, os herbários sempre inspiraram também a arte”, salientou.
Helena Freitas considerou que “as plantas também inspiraram e, neste caso, trata-se de colecionar, de organizar e, portanto, uma relação também poética”.
“A verdade é que há sempre uma relação estética e afetiva quando, seja um artista, seja um pintor, seja um cientista, conserva e organiza no herbário. Escolhemos os herbários, porque o Parque valoriza a diversidade vegetal e, por isso, há aqui uma simbiose que esperamos que desperte e que inspire”, disse.
Helena Freitas salientou as composições de Lourdes Castro, uma das “nossas grandes referências da arte”, que fez um "Grande Herbário de Sombras", e de Alexander Van Humboldt, “que é de facto o grande naturalista de todos os tempos, que fez uma expedição incrível, e também aqui trazemos alguns dos seus exemplares”.
A curadora fez ainda questão de "mencionar e destacar uma figura extraordinária da nossa ciência botânica, o professor Júlio Henriques, um homem de Terras de Basto, [que] foi professor da Universidade de Coimbra, diretor do Jardim Botânico”.
De acordo com Helena Freitas, Júlio Henriques “foi talvez o primeiro grande impulsionador da ciência botânica, uma referência extraordinária".
"Temos aqui um breve apontamento sobre ele, sobre as expedições que ele fez em Portugal, designadamente à Serra da Estrela, mas também o seu contributo para a botânica”, disse.
Outro destaque da exposição é a coleção de cianótipos “Boscs” de Philippe Durand, que apresenta a flora contemporânea do sul de França.
Inclui ainda fotografias de flores andinas por Ramón Laserna e a experiência sonora, com excertos das “Lettres de Botanique”, de Jean-Jacques Rousseau.
A responsável do Parque de Serralves considerou ainda que “vale a pena” mencionar que está a decorrer a COP 16 - Conferencia das Nações Unidas sobre Biodiversidade - que é “tremendamente importante” -, na Colômbia, “um país de uma riqueza enorme em diversidade vegetal e designadamente de orquídeas”.
“Herbarium, Seen & Dreaned” reúne assim uma abordagem multidisciplinar que reflete diferentes técnicas de recolha e documentação botânica.
A exposição está patente a partir desta terça-feira no Alpendre do Celeiro e no Lagar da Quinta, no Parque de Serralves, até março de 2025.
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