O Museu Nacional da Música possui um núcleo de clavicórdios setecentistas, das oficinas lisboetas e portuenses, de “inestimável valor organológico”, realça aquela instituição, em comunicado enviado à Lusa.
Um dos clavicórdios, no qual José Carlos Araújo vai tocar, é de autor desconhecido, e está classificado como Tesouro Nacional, o outro, também de autor desconhecido, foi “possivelmente construído no sul da Alemanha, mas a proveniência é incerta, diferenciando-se do primeiro, especialmente pelas características da caixa”.
O clavicórdio, em desuso desde o final do século XVIII, “podia-se encontrar nos domicílios de particulares e prestava-se sobretudo ao estudo e ensino da música”, "por ser um instrumento portátil e económico, de som pouco volumoso", explica a mesma fonte, que realçou a sua importância na prática musical dos conventos e igrejas.
“O tom verde exterior e a cor vermelho tijolo do interior são duas características comuns nos clavicórdios de construção portuguesa, cujos teclados tinham geralmente as teclas naturais em buxo e as acidentais em pau-santo, as cordas, duas por cada tecla, [que eram percutidas por uma tangente] eram em latão”.
O programa do recital de José Carlos Araújo inclui Discante sobre la Pavana italiana e Diferencias (variações) sobre "El Canto del Cauallero", de António de Cabezón, Tento de meio registo alto do 2.º tom accidental, de frei Diogo da Conceição, as Sonatas em ré menor (K. 23), em lá menor (K. XXII), em mi menor (K. 37), e em dó menor (K. 15), de Carlos Seixas, e ainda Obra de 1.º tom sobre a Salve Regina, de Pedo de Araújo, a Sonata em ré menor, de frei Jacinto do Sacramento, a Sonata em Sol Maior, de Pedro Avondano, e a Sonata I em sol menor, de Francisco Xavier Baptista.
José Carlos Araújo, segundo informação do Museu da Música, estudou instrumentos históricos de tecla e interpretação de música antiga, em Lisboa, e apresenta-se regularmente em recitais de cravo, pianoforte e órgão, com programas que privilegiam a música de compositores ibéricos, dos séculos XVI a XVIII.
Em termos dsicográficos, a par de diversos órgãos históricos portugueses, dedicou gravações ao cravo Antunes, de 1758, também da coleção do Museu e classificado como tesouro nacional, e ao pianoforte H. van Casteel (1763).
O músico foi distinguido com o Prémio do Concurso Carlos Seixas, atribuído pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal, no âmbito das celebrações do tricentenário do nascimento compositor, em 2004.
José Carlos Araújo realizou ciclos completos de recitais dedicados à música para cravo de Bach ("Variações Goldberg", 2007), Tocatas (2010) e as Partitas (2013).
Em 2009, o músico colaborou com o Teatro da Cornucópia na produção de “A Tempestade”, de William Shakespeare, encenada por Luís Miguel Cintra (2009), e com formações como o Coro Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, Camerata Alma Mater e o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, entre outros.
Atualmente faz parte do Ensemble MPMP e da orquestra Divino Sospiro.
Em 2012, inaugurou o selo discográfico Melographia Portugueza, uma edição do Movimento Patrimonial da Música Portuguesa (MPMP), com a gravação em CD da integral da obra para tecla de Carlos Seixas.
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