O último dia do Hay festival Segóvia vai arrancar com uma leitura de poetas portugueses no Jardim Romeral de San Marcos em que participarão o embaixador de Portugal, João Mira Gomes, o presidente da Fundação Millennium, António Monteiro, o diretor do Museu Calouste Gulbenkian, António Filipe Pimentel, o presidente da Fundação Medici, Lorenzo de Medici, e o poeta espanhola Enrique Juncosa, entre outros.

As "leituras no jardim: próprios e alheios" fazem parte da programação do festival há anos e contam já com 13 edições, que têm como cenário um jardim do arquiteto paisagista uruguaio Leandro Silva, que o deixou como legado à cidade de Segóvia e que "anualmente se abre ao Hay Festival para acolher a melhor poesia de todos os tempos", segundo a organização.

No mesmo dia, o festival, que este ano tem uma programação pensada em torno do princípio "tradição e inovação", segundo a diretora, Maria Sheila Cremaschi, conta ainda com uma sessão com o administrador da Fundação Oceano Azul e prémio Pessoa 2021, Tiago Pitta e Cunha, com o título "um olhar para o oceano".

"Tiago Pitta e Cunha é umas personalidades mais relevantes a nível internacional em torno dos assuntos relacionados com os oceanos e a necessária mudança de atitude que a sociedade deve ter em relação a eles", destaca a organização do festival.

Tiago Pitta Cunha vai conversar com o jornalista Jesús Calero, do jornal espanhol ABC, "perito no mundo marinho e em naufrágios", sobre "a necessidade de cuidar os oceanos".

O dia termina com uma "viagem ao Portugal dos sentidos", com uma sessão em que serão apresentados vinhos de sete regiões portuguesas, acompanhados com gravuras da artista Manuela Crespo e de leituras de poetas que representam essas regiões: José Régio (Porto e Norte), Fernando Pessoa (Lisboa), Florbela Espanca (Alentejo), António Aleixo (Algarve), Natália Correia (Açores) e José Tolentino Mendonça (Madeira).

Todos estas iniciativas contam com o apoio e a coorganização do Turismo de Portugal e da Embaixada de Portugal em Madrid.

Antes do último dia do festival com este enfoque em Portugal, há uma sessão na véspera, no sábado, dedicada ao mecenato "nas suas diversas vertentes" que tem portugueses como protagonistas: António Filipe Pimentel, do Museu Calouste Gulbenkian, e António Monteiro, da Fundação Millenium, que conversarão com Lorenzo de Medici.

Foi a 23 de junho que um dos "diálogos com a terra" do Hay Festival Segóvia, considerado um dos maiores festivais literários e culturais de Espanha, passou por Rio de Onor, em Trás-os-Montes.

O evento serviu para lançar o festival de 2022, que terá este "foco em Portugal", sendo-lhe dedicado o dia 18 de setembro.

"Pareceu-nos um bom encerramento do festival. Começá-lo com o lançamento em junho, em Rio de Onor, e fechá-lo também com Portugal", disse à Lusa a diretora do Hay Festival Segóvia, Maria Shiela Cremaschi, que explicou que a programação de anos anteriores sempre teve convidados portugueses, mas nunca houve este protagonismo.

"É preciso fazer coisas para nos conhecermos mais. A cultura portuguesa é riquíssima, espetacular e elegante", afirmou, depois de defender que é "muito importante" que os dois países se integrem mais, até porque partilham "o mesmo território".

A programação do Hay Festival Segóvia conta com 88 iniciativas, entre "eventos prévios" e sessões previstas para os dias 15 a 18, em Segóvia.

Fazem também parte da programação deste ano nomes como o do artista chinês e ativista dos direitos humanos Ai Weiwei, o cineasta australiano Liam Young, o pintor espanhol Miquel Barceló, o escritor espanhol Antonio Muñoz Molina, o historiador britânico Antony Beevor, o arquiteto japonês Sou Fujimoto ou o escritor e jornalista britânico Simon Sebag Montefiore.

O Hay Festival nasceu na povoação de Hay-on-Wye, no País de Gales, no Reino Unido, em 1998, e realiza-se desde 2006 também em Segóvia, havendo edições em diversos países do mundo. Foi reconhecido em 2020 com o Prémio Princesa das Astúrias da Comunicação e das Humanidades.