“Estou muitíssimo contente porque Vergílio Ferreira era um grande escritor e pelo qual tenho uma enorme admiração”, disse à agência Lusa.

Assumindo ser “sempre bom” ver o trabalho reconhecido, a galardoada assumiu que escreve porque precisa.

A poetisa Ana Luísa Amaral, “uma das mais relevantes da atualidade”, conquistou hoje o Prémio Vergílio Ferreira 2021, atribuído pela Universidade de Évora (UÉ), revelou à agência Lusa a academia alentejana.

A vencedora foi escolhida hoje, por unanimidade, pelo júri do prémio, presidido pelo escritor e professor Antonio Sáez Delgado e que, este ano, integrou os professores Pedro Serra, Ana Paula Arnaut e Cláudia Teixeira, assim como a crítica literária Anabela Mota Ribeiro.

Ana Luísa Amaral, “uma das mais relevantes poetisas da atualidade”, aborda, na sua obra, traduzida para diversas línguas, “a memória e vindicação do feminismo português”, considerou o júri, citado pela UÉ, em comunicado enviado à Lusa.

“Não são os prémios que me fazem escrever, escrevo porque preciso e porque não sei viver sem escrever”, vincou.

Contudo, a escritora assumiu ter sido “apanhada de surpresa” pela distinção porque, sublinhou, este prémio tem sido, sobretudo, mais dirigido à ficção.

Poetisa, professora, investigadora e ensaísta, Ana Luísa Amaral está representada em inúmeras antologias portuguesas e é autora de vários livros de poesia, entre os quais "A génese do amor", com o qual obteve, em 2007, o Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes d'Escritas.

A escritora foi ainda distinguida com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e galardoada, em Itália, com o Prémio de Poesia Giuseppe Acerbi, lembrou a academia alentejana.

“Estudiosa da obra de Emily Dickinson, conta ainda com uma importante obra realizada no campo académico”, da qual se destaca o ensaio “Dicionário da Crítica Feminista”, em coautoria com Ana Gabriela Macedo, “referência internacional que colocou Portugal no mapa dos Estudos Feministas”, realçou a universidade.

Num artigo publicado no jornal espanhol El País, no passado dia 3 de outubro, o presidente do júri do Prémio Vergílio Ferreira, o também espanhol Antonio Sáez Delgado, considerou Ana Luísa Amaral como “uma das mais importantes vozes das letras portuguesas das últimas três décadas”.

Amaral construiu “uma obra que se desdobra, em paralelo, na poesia (sede central do seu universo literário) e através do teatro, do ensaio, da narrativa para adultos ou infantil e da tradução”, referiu o professor da Universidade de Évora, no artigo centrado no mais recente livro da escritora portuguesa, “What’s in a Name”, em que, disse, a autora “retoma algumas das suas preocupações fundamentais”.

A cerimónia de entrega do Prémio Vergílio Ferreira 2021, tal como nas edições anteriores, está marcada para 01 de março, data em que se assinala o aniversário da morte do escritor Vergílio Ferreira (1916-1996), patrono do prémio e autor de "Aparição".