Spencer Elden tinha apenas quatro meses quando foi (quase literalmente) atirado para a piscina. A fotografia tirada em junho de 1991 começou a correr o mundo pouco depois, a 24 de setembro, quando os Nirvana lançaram "Nevermind", o seu segundo álbum.

Agora, 30 anos depois, o norte-americano decidiu processar a banda por pornografia infantil e exploração sexual, confirmou a Pitchfork. No documento tornado público esta quarta-feira, dia 25 de agosto, Spencer Elden alega ter  sofrido "danos perpétuos", garantindo que os seus pais nunca assinaram nenhum contrato "a autorizar o uso da sua imagem ou semelhante", nem nenhum "a autorizar a comercialização de pornografia infantil".

Ao The New York Post, vários advogados defendem que o processo não tem valor e que chaga a ser "ofensivo". "É muito ofensivo para com as verdadeiras vítimas [de pornografia infantil]", defendeu Jamie White, advogado que representou milhares de vítimas de abuso sexual, à publicação.

Para o professor de Direto James Cohen, o processo não irá avançar.  "Um júri verá este processo como uma tentativa bastante lamentável de Spencer ganhar dinheiro", defendeu.

Em tribunal, Elden pede uma indemnização de 150 mil dólares (cerca de 128 mil euros). Para já, a banda ainda não comentou o caso.

Em 2016, em conversa com o SAPO Mag, Spencer Elden revelou que foi parar à capa do disco "por acaso". "Foi tudo por acaso. O meu pai conhecia o fotógrafo [Kirk Weddle], que lhe perguntou se queria ganhar dinheiro atirando o filho para a piscina", revelou.

"Os Nirvana fazem parte da minha vida, não tenho escolha. O álbum ["Nevermind"] mexe com a minha cabeça. Mas nunca estive com ninguém da banda, desviei-me um pouco disso", contou.

Amante de arte urbana, Spencer explicou ao SAPO Mag que não tem qualquer ligação com a indústria, sendo apenas "um simples fã" de música. Mas, curiosamente, os Nirvana nem fazem parte da lista de bandas e artistas que ouve. Já The Clash, Black Flag, Bad Brains, Edith Piaf, Tupac, Burzum, The Ramones, Iggy Pop, Weezer, Black Sabbath, Kate Bush e Stevie Nicks nunca saem das suas playlists.

"É estranho fazer parte de uma imagem culturalmente icónica. Acho que qualquer um sentiria o mesmo", frisou ao SAPO Mag.