Em entrevista à agência Lusa a propósito do álbum de estreia do coletivo formado em 2008 na referida cidade do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, o músico começou por afirmar que foi surpreendido pelas recentes acusações de assédio sexual contra o pianista João Pedro Coelho e salientou que “qualquer ato de violência contra outra pessoa – seja de natureza sexual, moral, psicológica, doméstica, etc. – tem sempre que ser denunciado, punido e parado”.
“A surpresa foi porque Portugal é um país pequeno, em que os artistas partilham muito o que lhes acontece, e eu ainda não tinha ouvido nada desta ordem sobre as pessoas envolvidas no caso”, revelou.
“Claro que é lamentável que situações destas aconteçam e ninguém quer isso, mas, nas minhas reflexões, quando estou a matutar sozinho, penso muitas vezes no risco que agora corremos enquanto artistas, porque, sobretudo com a presença nas redes sociais, estamos mais sujeitos à exposição pública e, a qualquer momento, alguém pode inventar sobre nós algo que não é verdade, só para nos prejudicar”, explicou.
Defendendo que “o cancelamento é uma situação muito perigosa”, Eduardo Cardinho considera que “a suspeita é suficiente para estragar uma carreira” e receia, por isso, “que possa existir gente com má-vontade a fazer denúncias só para eliminar certas pessoas do meio” e as ver substituídas nas agendas culturais e nos quadros de recursos humanos de entidades como escolas, produtoras e auditórios.
“Com tantos riscos envolvidos, a Justiça tem que analisar estes casos com rapidez e cautela, investigando bem para distinguir entre o que é crime real e o que é apenas má-fé, e não tratar tudo por igual”, afirmou o músico.
Eduardo Cardinho realçou ainda que a conclusão expedita e apurada deste tipo de processo-crime é essencial para evitar que se perca a autenticidade nos relacionamentos, sejam eles de ordem pessoal ou profissional.
“Não podemos chegar a um ponto em que se tenha medo de falar em público ou de se ser natural, porque isso põe em risco o companheirismo e a amizade”, afirmou, referindo que essa genuinidade é particularmente útil e incentivada no universo das artes.
Mas, porque o meio da música “depende muito da cena boémia noturna” e, nesse contexto, também “está mais sujeito a excessos”, o vibrafonista admite que importa estar-se mais vigilante. “Não pode haver extremismos, mas deve haver cuidado e a única maneira de irmos levando a vida com alguma tranquilidade é estando sempre atentos ao nosso comportamento e ao dos outros”, concluiu.
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