José Maria Nóbrega acompanhou, ao longo de mais de 40 anos, o fadista Carlos do Carmo, tanto em gravações como em espetáculos, em Portugal e no estrangeiro.

O velório de José Maria Nóbrega realiza-se a partir das 17:00 de hoje, na capela da Igreja da Reboleira, onde, na quinta-feira, será celebrada missa, pelas 12:00.

O funeral partirá depois, às 12:30, da igreja da Reboleira para o crematório do cemitério de Barcarena.

José Maria Nóbrega foi distinguido, em 1981, com o guitarrista António Chaínho, com o Prémio da Imprensa Fado (instrumentalista) e, em 2004, durante a Grande Noite do Fado, realizada no Teatro S. Luiz, em Lisboa, recebeu o Prémio Carreira.

José Maria Nóbrega nasceu em 19 de novembro de 1926, em Alijó, Vila Real, onde passou a infância, segundo uma biografia do músico, disponível online na página do Museu do Fado.

Aos 10 anos foi viver com os pais para o Porto, onde, por influência do pai, se iniciou no ofício de alfaiate.

Nas horas livres ficava a ver o pai a tocar violão (designação que o instrumento musical tinha em Trás-os-Montes) com um vizinho que tocava bandolim, a quem pediu que o iniciasse na prática musical.

Com um amigo da sua idade que tocava violino, fundou um dueto a que acabou por se juntar outro jovem que tocava viola. Estava, então, formado um trio com quem começou a trabalhar nos tempos de folga e ao qual se juntaram mais músicos, acabando a formação por resultar num conjunto musical, com bateria, saxofone e acordeão, que percorreu romarias e festas de fim de semana e feriados, na região.

Isento do serviço militar, estabeleceu-se com uma loja de alfaiate, em Padrão da Légua, Póvoa de Varzim.

Depois do casamento (aos 22 anos) e do nascimento dos dois filhos (Pedro, 1951, e Maria da Graça, 1953), foi convidado pelo guitarrista Álvaro Martins, com quem se inicia na viola de fado e com o qual toca, durante quase dez anos, numa casa de fados do Porto, o “Tamariz”, que marcou a sua estreia.

Em janeiro de 1957, foram convidados pelo cantor e compositor Moniz Trindade para atuarem durante um mês em Lisboa, numa casa que ia abrir na Praça do Chile, a “PamPam”, após o que os dois músicos regressaram ao Porto. José Maria Nóbrega, porém, regressaria a Lisboa.

Estabeleceu-se então no Largo da Misericórdia, como alfaiate, aliando a profissão ao gosto pelo fado (acentuada com formação na escola de guitarras Duarte Costa), que acabaria por se dedicar a tempo inteiro.

Com o guitarrista Jorge Fontes apresentou-se no restaurante O Folclore, onde acompanhou fadistas como Ada de Castro e Lídia Ribeiro. Foi durante este período que conheceu o guitarrista António Chaínho.

Simultaneamente atuou nos programas de fado transmitidos pela antiga Emissora Nacional, tendo sido convidado por Filipe Pinto para acompanhar a fadista Amália Rodrigues - um convite que recusou.

Após a saída do elenco de O Folclores, passou a acompanhar diferentes fadistas, dos quais se destacou Carlos do Carmo, com quem trabalhou durante mais de 40 anos.