“Mísia celebra 25 anos de carreira através de uma série de iniciativas, que olham tanto para o seu amplo percurso como para o futuro que se ergue à sua frente”, afirma a sua promotora, em comunicado enviado à agência Lusa.
A “residência artística” no Museu do Fado, localizado no bairro lisboeta de Alfama, realiza-se na segunda quinzena de março, em paralelo com uma exposição de fotografia de Francisco Aragão, o fotógrafo que mais vezes fotografou a criadora de “Manto da Rainha”.
A exposição do fotógrafo que “retratou Mísia como um moderno ícone do fado” vai estar patente ao público durante um mês a partir de 14 de março.
Quanto à “residência artística”, Mísia “pretende encontrar-se com o seu público para sessões íntimas ao final da tarde que cruzarão histórias de carreira, conversas sobre os seus álbuns, referências e interpretações de temas chave” da sua discografia
A promotora Uguru qualifica esta iniciativa como “uma oportunidade singular e imperdível para que a cantora se encontre com o seu público”, “momentos de partilha que dirão muito sobre a sua personalidade e forma de pensar a música, a arte e a vida”.
No dia 19 de maio, Mísia apresenta, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, um espetáculo dedicado aos que considera os “seus” poetas, entre os quais Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça Moura, Lídia Jorge, Hélia Correia, Mário Cláudio, José Luís Peixoto, Paulo José Miranda e José Saramago.
Mísia, em declarações à agência Lusa, disse que “criou uma sonoridade própria ao trazer para o fado instrumentos como o violino, o acordeão e o piano, e tem a particularidade de cantar textos de poetas contemporâneos que escreveram especialmente para a sua voz”, entre outros, Graça Moura e Saramago.
O único poema conhecido de Agustina Bessa-Luís, “Garra dos Sentidos”, foi gravado por Mísia na melodia do fado menor.
Mísia gravou também poemas de Fernando Pessoa, Natália Correia, Florbela Espanca, António Botto, Mário de Sá-Carneiro, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Tabucchi e Amália Rodrigues, a quem dedicou um dos seus mais recentes álbuns, o duplo disco “Para Amália”, galardoado em França com o “Coup de Coeur” da Académie Charles Cros.
“Tal como Amália antes de si, Mísia também soube construir uma extensa lista de relações entre a sua voz e a melhor poesia: são fundas as palavras a que a sua voz gosta de se entregar”, realça a promotora que aponta Mísia, “algures entre a tradição e o futuro”.
Mísia iniciou-se na carreira artística na Catalunha, mas só a partir da década de 1990 se dedicou ao fado, editando o primeiro álbum, em nome próprio, em 1991, ao que se sucedeu, em 1993, "Fado" e, mais tarde, em 1998, "Garra dos sentidos", distinguido com o Prémio Charles Cross, em França.
Desde então a intérprete tem pisado os mais diferentes palcos do mundo e gravado fado e outras músicas, como canção napolitana e tangos.
"Paixões Diagonais", em que Mísia é acompanhada por Maria João Pires, foi editado em 1999, após a distinção da academia francesa, e, em 2003, com música de Carlos Paredes e textos de diferentes poetas, gravou o álbum "Canto", que lhe valeu o Prémio da Crítica Alemã.
"Drama Box" e "Ruas" são outros álbuns da intérprete que, entre outros artistas e agrupamentos, gravou com o ensemble L'Arpeggiata, da harpista e musicóloga austríaca Christina Pluhar.
Em 2013 editou o álbum “Delikatessen - Café Concerto”, que apresentou como “um menu fantástico de canções, que têm um toque bastante kitsch e cinematográfico”, que inclui um inédito de Tiago Torres da Silva, “Rasto Infinito”.
Ao duplo álbum “Para Amália”, editado em maio de 2015, sucedeu “Do Primeiro Fado ao Último Tango”, também um duplo disco, que sintetiza uma carreira de 25 anos, e que apresentou em dezembro último no Teatro Trindade, em Lisboa.
Mísia, ao longo da sua carreira, tem arrecadado diferentes distinções, entre as quais a Ordem das Artes e Letras de França, em 2011, a Ordem de Mérito Civil em Portugal, o Prémio Gilda no 33.° Festival Cinema e Donne, em Itália, pela sua participação no filme “Passione”, realizado por John Turturro.
Em 2012, recebeu o Prémio Amália Rodrigues na categoria Divulgação Internacional.
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