A 17.ª edição do Festival Internacional dos Açores, que se realiza de 30 de agosto a 4 de setembro, nas ilhas Terceira e São Miguel, assinala os 100 anos do nascimento de José Saramago, com música clássica e erudita.

“Esta edição de 2022 pretende comemorar os 100 anos do nascimento do escritor José Saramago, para quem a música foi uma paixão, quase em pé de igualdade com a literatura. O violoncelo era um dos instrumentos de eleição para Saramago, como ressuma claramente de sua obra ‘As Intermitências da Morte’”, avançou o diretor artístico do festival, Tiago Nunes, citado em comunicado de imprensa.

A organização do festival lembra ainda que Saramago foi “um cidadão do mundo”, mas apreciava a “insularidade”.

“Viveu-a em Lanzarote [Espanha], fez questão de lançar o ‘Ensaio sobre a Lucidez’ na Academia das Artes, em Ponta Delgada [São Miguel], e ‘salvou’ inexplicavelmente os Açores de uma previsível colisão com ‘A Jangada de Pedra’”, salientou Tiago Nunes.

O festival arranca no dia 30 de agosto, na ilha Terceira, com um concerto do violoncelista russo Pavel Gomziakov, no Palácio dos Capitães-Generais, em Angra do Heroísmo.

Gomziakov, que atua também no dia 1 de setembro, no Palácio de Santana, em Ponta Delgada, apresenta Bach, Prokofiev e Ysaÿe, tocando um violoncelo, produzido em 1703, em Roma, por David Techler, que, "segundo reza a lenda, terá inspirado Beethoven".

No dia 31 de agosto, sobem ao palco do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo a violoncelista Isabel Vaz e o pianista Vasco Dantas, duo português que conta com "vários prémios no currículo".

Os diretores artísticos do Algarve Music Series apresentam nos Açores um espetáculo com obras de Schumann, Granados e S. Rachmaniov.

No mesmo palco atua, no dia seguinte, o pianista Adriano Jordão, vencedor de “numerosos prémios em competições nacionais e internacionais”, dos quais se destaca o primeiro lugar no Concurso Internacional de Debussy, em França.

Jordão vai apresentar um programa que “combina a precisão interpretativa com a sensibilidade artística”, com obras de Debussy, Beethoven, Schumann, Anne Victorino d’Almeida e A.J. Fernandes.

No dia 02 de setembro, atua na Igreja de São José, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, o compositor e organista João Santos, que tem visto as suas obras “reconhecidas internacionalmente”.

Apresenta, nos Açores, um “tríptico pós-moderno”, numa “viagem temporal e quase distópica ao longo de séculos de música”, com géneros “aparentemente opostos”, com peças de Handel, Bach e Puccini, entre outros.

No mesmo dia, atua no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, a pianista sul-coreana Young-Choon Park, que se apresenta a solo “num recital de enorme virtuosismo, onde predomina a primeira escola de Viena e a transição entre o período clássico e o período romântico”, com peças de Haydn, Shubert e Beethoven.

No dia 03 de setembro sobe ao palco do Teatro Micaelense o pianista Zoran Imširović, vencedor, entre outros prémios, do Leão de Ouro de Véneto, em Itália.

Apresenta-se, pela primeira vez nos Açores, para interpretar “três expoentes máximos do repertório para piano solo”: a op. 15 de Schumann, a sonata em si bemol maior D.960, de Schubert, e a sonata n.º 9 op. 68 “Black Mass”, de Scriabin.

O festival encerra no dia 4 de setembro, no Teatro Micaelense, com um espetáculo da pianista turca, de ascendência alemã, Gulsin Onay, considerada como uma “referência mundial na interpretação de obras de Chopin e Ahmed Saygun”.

Numa “homenagem a Chopin”, que inclui ainda peças de Haydn e Mendelssohn-Bartholdy, Onay interpreta “algumas das obras mais desafiantes do repertório para piano”.

Para além dos concertos, o festival integra uma ‘masterclass’ de piano, com Tiago Nunes, uma ‘masterclass’ de violoncelo, com Pavel Gomziakov, e uma ‘masterclass’ de música de câmara, com Zoran Imširović, todos no Conservatório Regional de Ponta Delgada.