Preparado antes do confinamento, o festival organizado por “O Nariz” surge involuntariamente com uma linha artística que faz pensar o tempo atual, sublinha uma das responsáveis do grupo de teatro.

“Sem querer, temos um fio condutor que cruza com o contexto da pandemia, porque há alguns espetáculos que falam do eu, das solidões e de tudo o que isso implica”, diz Vitória Condeço.

É o caso de “Todas as coisas maravilhosas”, de Ivo Canelas, de “Os inimigos da liberdade”, do Teatro da Trindade INATEL - texto vencedor do prémio Miguel Rovisco 2019/2019 - ou de “O faroleiro”.

“Um homem dentro de um farol fala da solidão e de tudo o que isso implica. O único interlocutor que o faroleiro tem é o mar. É um tema relativamente pertinente”, sublinha Vitória Condeço, a propósito da peça da Estado Zero.

“São espetáculos com bons textos, duros, não são de entretenimento”, acrescenta o diretor do festival, Pedro Oliveira, encarando o programa como forma de “tentar perceber, no meio disto tudo, como é que se consegue organizar o Acaso”.

Dois terços da programação estavam prontos antes de a COVID-19 aparecer e mudar radicalmente o quotidiano, particularmente de quem trabalha nas artes.

“Se fosse no primeiro ou segundo ano [do Acaso], isto não acontecia”, garante Pedro Oliveira. Os mais de 25 anos de experiência de produção de ”O Nariz” resultaram “em contactos, conhecimento de pessoas, de grupos, de trabalho”, que permitiram colocar esta edição de pé.

Apesar disso, há limitações: menor dispersão geográfica - em 2019 chegou a sete concelhos -, lotações reduzidas a um terço, nenhum concerto e menos espetáculos.

Mas Pedro Oliveira garante que o festival está “tão ou mais forte” do que anteriormente: “Tanto pelos grupos que vêm, pelos atores, como pelos espetáculos”.

Outra consequência é a possibilidade das companhias realizarem pequenas residências artísticas. “Os grupos vêm com mais tempo para respirar e trabalhar no sítio” o que, frisa Pedro Oliveira, conduzirá a um resultado final “mais aprimorado”.

O Acaso começa no dia 18 com a estreia de “O dom de Rixote”, por ”O Nariz”, prosseguindo com a dupla apresentação de “Todas as coisas maravilhosas”, de Ivo Canelas. Ainda em setembro, dia 26, exibe os filmes vencedores do Leiria Film Fest.

Em outubro, Adriano Reis estreia “ILHAs - Pratikás Kulturaís”, no dia 8, e, a 9, a Companhia João Garcia Miguel mostra “Passos em volta”.

“Que o fogo recorde os nossos nomes”, de Mau Maria, estreia em digressão em Leiria em 17 de outubro, enquanto no dia 20 o Teatro da Trindade INATEL encena “Inimigos da Liberdade”.

Ainda em Leiria, há “Romeu e Romeu”, do Lama Teatro, a 24 de outubro, “Romeu e Julieta”, ante-estreia da Útero, no dia 30 e a estreia de “Pescador à cana gay”, da Fulo HD/António Cova, dia 31.

À Batalha, o festival leva “Era uma vez… ou lá o que é”, do Teatro Extremo, em 17 de outubro, e “O dom de Rixote”, em 25 de outubro.

“O faroleiro”, da Estado Zero, vai ao Teatro Stephens, na Marinha Grande, em 22 de outubro, palco que recebe “O dom de Rixote”, no dia 29 do mesmo mês.

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