“O que é que são palavras? Porque é que surgem as palavras e de onde é que elas vêm? É um mundo que é nomeado pelas palavras? Enfim, são todas estas questões” que são abordadas na peça, disse à agência Lusa a atriz e criadora Raquel André.

“Outra Língua”, com direção de Raquel André e da também atriz Keli Freitas, tem antestreia marcada para sexta-feira, às 21h30, no Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, após uma residência nesta estrutura artística, seguindo-se a estreia, no dia 20, no Teatro Viriato, em Viseu.

Com interpretação de Keli Freitas, Nádia Yracema, Raquel André e Tita Maravilha, o espetáculo conta em todas as sessões com uma intérprete de língua gestual portuguesa, além de audiodescrição para invisuais e legendagem em português.

Num cenário com alterações espaciais, as quatro atrizes recriam uma espécie de laboratório onde linguistas se questionam e procuram respostas sobre as palavras e um programa televisivo que tem como entrevistada a língua portuguesa.

Também em declarações à Lusa, no final de um ensaio para a imprensa, a atriz brasileira Keli Freitas realçou que o espetáculo “convida a uma reflexão conjunta” sobre a língua, que “está presente em todas as instâncias da vida”.

“Se uma pessoa sair” do espetáculo e “repensar a forma como usa uma palavra, então, algum serviço nós já fizemos”, sublinhou.

Admitindo que também procuram respostas, Raquel André disse que o espetáculo pode constituir-se como “mais uma ferramenta de pensamento” sobre a importância e a responsabilidade das palavras.

“Um discurso pode contaminar a forma como nós somos, pensamos, nos relacionamos, como afetamos os outros”, frisou a atriz e criadora, adiantado que a peça “usa a comédia e o sentido de humor” para que o espectador reflita.

Raquel André disse que o processo de construção do espetáculo foi “difícil” e envolveu “muita discussão e debate” sobre como é que se abordam estes assuntos que “são tão estruturais e urgentes de se falarem”.

“O nosso trabalho tem sido muito a procura sobre como é que se fala. Estamos a falar da língua, problematizando a língua, mas nós também o estamos a fazer através da língua e a língua é complexa”, prossegue Keli Freitas.

Raquel André e Keli Freitas conheceram-se no Brasil, há uns anos, e o interesse pelo tema nasceu nessa altura, pois Keli Freitas, até então, nunca tinha ouvido português de Portugal e para si foi “uma descoberta”.

“Não sabia que era uma língua que se estruturava de uma forma tão diferente sendo a mesma língua”, recordou a atriz brasileira, que agora vive em Portugal, indicando que as duas já vinham a discutir os “desejos de falar” sobre a língua portuguesa.

O espetáculo, segundo Raquel André, surge da “vontade e paixão que a Keli tem por palavras e de pensar a língua e a linguagem” e após um convite para o fazerem juntas, agora também já “com a experiência de migração” da atriz brasileira.

“Num primeiro encontro, percebemos que seria interessante termos outras pessoas que também tivessem uma relação de migração com a língua portuguesa e outras línguas portuguesas nas suas histórias”, pelo que foram convidadas Nádia Yracema e Titã Maravilha.

Após a antestreia em Montemor-o-Novo, o espetáculo “Outra Língua” vai ser apresentado, no dia 20 deste mês, no Teatro Viriato, em Viseu, ficando depois em cena, de 26 de maio a 12 de junho, na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

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