O centro histórico do Porto recebeu milhares de pessoas para o NOS em D'Bandada. Parecia que o F.C.P. tinha sido campeão.

62 concertos (alguns em simultâneo) em 19 palcos espalhados pelo centro da cidade Invicta. Apenas dois olhos. Como Deus só há um (no Porto é o Pinto da Costa), é impossível ver tudo e ser omnipresente.

Perto das 15h00 era impossível estacionar minimamente perto, mas isso já não é novidade. As ruas da cidade estavam repletas de pessoas por todos os cantos- Santa Catarina tinha mais gente do que em época de saldos. Entre os "com licença" para passar, ouvia-se comentários como "isto daqui a pouco parece o S. João"- na verdade só faltavam os martelos.

Os concertos começaram às quatro da tarde. E foram logo cinco em simultâneo e não se podia perder muito tempo a decidir (nem pensar em fazer pedra-papel-tesoura para ver quem escolhe o que ver)- uns minutos de indecisão significavam ficar sem lugar nos concertos em espaços fechados.

Num concerto em movimento, também às 16 horas, Miguel Araújo subiu ao eléctrico e arrastou centenas de pessoas. Durante duas viagens, o cantor da "Balada Astral" foi fazendo paragens para pequenas actuações para quem vagueava pelas ruas. Mas a euforia era tanta que alguns "d'bandeiros" corriam atrás do eléctrico para não perder pitada.

Enquanto Miguel Araújo percorria as ruas do Porto, Fachada actuava nos Estúdios do Sá da Bandeira. Porém, mais uma vez, não era o único concerto. Mas é isto o D'Bandada, uma corrida frenética pelo do que de melhor se faz na música em Portugal.

Perto das seis da tarde no Maus Hábitos, os Ermo tomaram conta da casa. A banda de Braga composta por António Costa e Bernardo Barbosa, apresentou na íntegra o novo EP que será lançado em breve.

Tentar entrar no Café Au Lait, nos Maus Hábitos, no Rádio ou no Plano B, era quase uma utopia. Aliás, nas ruas destes espaços era praticamente impossível circular. Só se viam balões coloridos- cada balão era uma pessoa, tipo o símbolo em cima de cada Sims.
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Nos espaços ao ar livre a história era a mesma mas, pelo menos, era possível ver o palco. Às 21h00, no Coreto NOS Discos, Time For T ajudaram a fazer a digestão a centenas de "d'bandeiros" (que são quase como os festivaleiros).

Uma hora depois, na Praça dos Leões, alguém da terra: Capicua, que tinha ao seu M7, como já é habitual. A rapper de Cedofeita- que vestia uma t-shirt a dizer "I Love (<3) Vayorken" (mas bem que podia ser "I Love Porto)- actuou para milhares de pessoas que lotavam a praça. Capicua começou por dedicar músicas às "mulheres reais, às rabugentas e lutadoras". Mas não foram só as mulheres a delirar com a rapper- havia gente dos 8 aos 80, de todos os estilos, a saltar e a gritar as músicas de "Sereia Louca".

Voltando ao Coreto, e quase ao mesmo tempo, actuava Duquesa. Nuno Rodrigues foi conquistando o público com o seu bom humor. O cantor e a sua guitarra aqueceram os corações com as músicas sobre amor. "Foi neste coreto que a minha namorada deu o seu primeiro beijo. Mas não foi comigo", contou Nuno Rodrigues arrancando algumas gargalhadas.

Na praça dos Poveiros actuavam os Dealema- um dos mais antigos grupos de Rap, formado na década de 90, com membros de Gaia e do Porto- por isso também jogaram em casa. "Bom dia" e "Brilhantes diamantes" não faltaram para a felicidade de todos.

Às 23h30, D'Alva no Coreto;  Manuela Azevedo com a Orquestra Jazz de Matosinhos na Praça dos Leões; Rita RedShoes no Era uma vez Paris; Mind Da Gap na Praça dos Poveiros; e Fachada no Atneu Comercial do Porto- eu sei que podem ver esta lista nos horários ou na app, mas é só para mostrar a diversidade de concertos à mesma hora, numa só cidade.

Começamos em D'Alva - que actuaram logo depois de Duquesa, portanto foi Duquesa D'Alva. Como é habitual a banda abriu com Frescobol (o #batequebate) e a loucura começou e não mais parou. Não houve tempo para respirar um segundo durante todo o concerto.

O público estava muito perto da esquizofrenia (pelo lado positivo)- culpa da banda que se apresentou no Porto com energia para dar e vender. E o mar de gente a toda a volta do coreto serviu mesmo para mergulhos  loucos dos elementos da banda. (Ps. Foram mesmo mergulhos!)

A meio do concerto dos D'Alva a intenção de ir ver Manuela Azevedo era boa. Mas era impossível furar a multidão.

Depois a animação continuou noite fora por toda a cidade e nem a chuva fez as milhares de pessoas deixarem o centro histórico do Porto. Foi o maior D'Bandada de sempre. Que se repita, o Porto agradece.

Fotografias: Luís Cunha