“Considero muito pouco na história do fado, mas já me deixa muito feliz”, disse a fadista, em entrevista à agência Lusa, acrescentando que as duas artes “complementam-se e caminham de mãos dadas”.

Várias das suas peças escultóricas têm referências fadistas, como no caso da exposição “Esculturas do meu fado” que apresentou em 2013 no Museu do Fado e, no ano seguinte, no Panteão Nacional, em Lisboa, além de ter percorrido o país e de ter atravessado fronteiras, até Pontedera, em Itália, e Frontignam, em França.

Na ocasião, Cristina Maria disse à Lusa que procurava "exprimir o duplo sentimento de amar o fado e a cantaria”.

Em 2023, Cristina Maria completará 25 anos de trabalho em escultura.

No âmbito dos 15 anos de fado, Cristina Maria atua no próximo dia 27, nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha, no distrito de Leira, e vai editar o ‘livro-CD’ “Ponte do Regresso”, título inspirado no tema homónimo, de Tomás Correia, que fez parte do álbum “A Voz e as Mãos” (2014).

O livro, com capa do artista plástico Xicofran, conta com um texto de Cristina Maria sobre o “desafio que tem sido o fado", e com testemunhos de autores, compositores e produtores, como Custódio Castelo e António Neto. A edição é trilingue, em português, inglês e francês, pois a artista projeta publicar o livro no estrangeiro.

No dia 27, na Batalha, a fadista é acompanhada pelos músicos Ricardo Silva, na guitarra portuguesa, António Neto, na viola, e Jorge Carreiro, no contrabaixo.

Neste espetáculo é “convidado especial”, o fadista Guilherme Frazão, “um intérprete com um timbre único e muito invulgar”, com quem mais tem partilhado os palcos, um intérprete que respeita e que marcou o seu percurso, disse a criadora de “Recado ao Tempo” (Custódio Castelo/Jorge Fernando), que reconheceu “não ser uma fadista de casas de fado”.

O álbum reúne “os temas mais emblemáticos” da sua carreira, refletindo os seus anteriores discos, casos de “Lírio Roxo” (António Gedeão/Custódio Castelo), "Que Importa a Mágoa" (Catarina Carvalho/C.Castelo) e “Livremente”, com letra e música de Cristina Maria.

Custódio Castelo, que produziu trabalhos anteriores da fadista, e já a acompanhou à guitarra portuguesa, é o autor mais representado neste novo álbum, assinando 10 temas.

Entre os temas do alinhamento, destacam-se “Bem Perto do teu Sorriso” (Catarina Carvalho/C.Castelo), “Celestes” (Miguel Carvalhinho/C.Castelo) e “Meu Amor Onde Navegas”, de Mário Rainho, musicado por António Neto, ou “O Silêncio da Noite”, de Cristina Maria e A. Neto.

À Lusa a artista sublinhou ter apostado em temas originais ao longo da carreira. “Há cerca de 30 originais no meu repertório, o que, para mim, é uma maioridade artística”, realçou.

“Estou grata a estes autores que me desafiaram e tanto engrandeceram a minha carreira e a minha forma de estar no fado”, afirmou.

A artista tem dúvidas se é comparável a forma como tem evoluído na arte do canto e na de esculpir, certo “é que o público já se familiarizou com o ser escultora e fadista”.

“Para mim, se calhar por ter mais anos, talvez a evolução tenha sido maior na escultura do que no fado. O termo de comparação é muito mais fácil de existir no fado, em que há sempre muito mais referências e semelhanças na nossa forma interpretativa, do que na escultura, onde há uma identidade muito mais própria”, argumentou, considerando que “as duas complementam-se muito”.

Cristina Maria já foi vocalista de um grupo de música portuguesa, mas salientou que “o fado já existia há muito tempo na [sua] vida”,

Os 15 anos de fado, que está a celebrar, são contados desde que começou “a levar mais a sério” e se tornou profissional, uma decisão tomada depois de uma viagem ao Brasil, no âmbito da escultura, em 2003/2004.

Dulce Pontes foi quem a despertou para o fado, “e só mais tarde, com a total consciência do fado na sua raiz" - prosseguiu, referindo-se a Amália Rodrigues -, foi quando começou "a abraçar o fado de alma e coração".

Este álbum sucede a “LivreMente" (2018), e é o 5.º álbum da fadista que se estreou discograficamente, em 2008, com “O Outro Lado” ao qual sucederam “Percursus” (2010) e “A voz e as Mãos” (2016).

O espetáculo nas capelas imperfeitas no Mosteiro da Batalha é o primeiro de uma série que inclui apresentações na ExpoBatalha, no dia 3 de julho, no Festival dos Baleeiros, na ilha do Pico, nos Açores, a 23 de agosto, em Ponte de Sor, no distrito de Portalegre, a 17 de setembro, e, no dia seguinte, na Nazaré, no distrito de Leiria, num espetáculo que deverá contar com a “participação especial” de Aníbal Ferro, que compôs a melodia de “Que Farei de Ti Meu Coração”, com letra de Cristina Maria.

A fadista tem ainda previsto espetáculos em Lisboa, na Voz do Operário e no Museu do Fado, onde habitualmente apresenta os seus trabalhos, e em Leiria e em Alfândega da Fé, no distrito de Bragança.

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