Caetano Veloso foi impedido pela justiça brasileira de atuar na ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em São Bernardo do Campo, avança o site G1.  "Ser impedido de cantar não é bom. Mais do que nunca é preciso cantar, como diz a música de Vincius de Moraes ('Marcha de Quarta-feira de Cinzas'). Porque há muita dificuldade", frisou o músico perante um terreno ocupado por seis mil famílias.

"É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático", acrescentou o cantor que tinha um concerto marcado para esta segunda-feira, 30 de outubro, no o Bairro Planalto. Segundo o jornal brasileiro, o tribunal impediu o espetáculo por se tratar de uma "ação civil pública, onde o Ministério Público pede tutela provisória de urgência, para a não realização de concerto, que seria realizado em local que foi ocupado, e que está sub júdice referida ocupação".

"As pessoas esperavam que houvesse o espetáculo. As pessoas viram que nós viemos, vieram outros artistas, Criolo, Emicida, atrizes. Viram-mejuntos perto deles. (...) Não sou técnico de questões legais. Sinto-me mal, dá a impressão que não é um ambiente propriamente democrático. É um modo de reprimir uma ação que seria legítima. Mas eles apresentam justificam com motivos de segurança. Acho que há má vontade deles", frisou Caetano Veloso.

A juíza responsável pela decisão afirmou ainda que a notoriedade do artista poderia atrair muitas pessoas ao local. “O seu brilhantismo vai atrair muitas pessoas para o local, o que certamente colocaria em risco estas mesmas, porque, como ressaltado, não há estrutura para concertos, ainda mais, de artista tão querido pelo público, por interpretar canções lindíssimas, com voz inigualável", defendeu.

 Para coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, a atitude é lamentável. "É lamentável! É lamentável que a Justiça brasileira, em vez de se preocupar com outras coisas, fundamentalmente com apanhar a quadrilha que está no poder no Brasil, essa justiça se preocupe em querer cancelar o show de solidariedade com a ocupação sem teto", afirmou.