Seguindo-se a “Uma Pequena Vida” e editado pela Presença, este novo romance apresenta-se dividido em três secções inter-relacionadas e aborda temas como o racismo e o colonialismo, a não estigmatização da sexualidade, a anexação do Havai pelos Estados Unidos ou as pandemias e a forma como estas moldam a sociedade.

Ao longo da história é dada ao leitor a experiência do amor, da família, do luto e da busca pela utopia.

A primeira parte do livro – “Washington Square” – passa-se em 1893, numa América alternativa, numa Nova Iorque fictícia que faz parte dos Estados Livres, onde cada um pode amar quem quiser.

O protagonista desta parte da história é David Bingham, herdeiro de um império bancário, que vive com o avô numa casa em Washington Square.

Trata-se essencialmente uma história de amor, em que David Bingham, em vésperas de aceitar uma proposta de casamento que lhe trará proteção, se deixa seduzir por um professor de música paupérrimo.

Na segunda parte – “Lipo-Wao-Nahele” – um jovem havaiano que vive em Manhattan, em 1993, numa altura em que a cidade enfrenta o pesadelo da Sida, partilha a vida com o companheiro rico e bastante mais velho, mas esconde-lhe uma infância traumática e o destino do pai.

Finalmente, a terceira parte – “Zona oito” – passa-se em 2093, num mundo devastado pela doença e refém de regimes totalitários, em que a neta de um cientista famoso tenta aprender a viver sem o avô e resolver o mistério das ausências do marido.

Esta narrativa é intercalada por cartas entre o avô da protagonista e um colega cientista e transportam o leitor por uma viagem que começa em 2043 e atravessa a segunda metade do século XXI, onde cada nova vaga de doenças é um pretexto para modos de controlo cada vez mais totalitários.

“São estas três histórias que se unem para criar uma partitura engenhosa, em que as notas se repetem e os temas se aprofundam a cada trecho: uma casa de cidade em Washington Square Park, na Greenwich Village; a doença, a cura e o preço a pagar; a riqueza e a penúria; a força e a fraqueza; a raça; as definições de família e de nacionalidade; a perigosa superioridade moral de poderosos e revolucionários; o desejo de encontrar o Paraíso na Terra e a perceção de que pode não existir”, descreve a editora.

“Que audácia é reescrever a América. A ambição deste romance é enorme, e encontra na mestria da autora ainda mais do que promete”, escreveu a The New York Times Book Review.

Para o The Financial Times, “a intrincada teia de relações humanas, combinada com o estilo da autora, resulta numa leitura que se caracteriza por uma só palavra: sublime”.

A publicação de “Ao Paraíso” em Portugal segue-se ao lançamento, em novembro do ano passado, de “Uma pequena vida”, romance recebido entre prémios e polémicas, devido à intensidade de sofrimento produzida pela história.

Este é o terceiro romance da escritora Hanya Yanagihara, de ascendência havaiana e coreana, que se estreou com “The people in the trees”, em 2013.

A autora será uma das convidadas do programa “Meet the Author”, promovido pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), com o objetivo de proporcionar aos leitores portugueses um contacto próximo com alguns dos mais conceituados escritores americanos da atualidade.

O programa arrancou em setembro do ano passado com o escritor Colson Whitehead, e por lá já passaram nomes como Joshua Yaffa, Jeanine Cummins, Viet Thanh Nguyen, Bret Easton Ellis e Valeria Luiselli.