A defesa do antigo produtor de cinema Harvey Weinstein pediu, sem sucesso, o adiamento da seleção dos jurados previsto para começar esta terça-feira, sustentando que as novas acusações criminais apresentadas na noite anterior em Los Angeles impossibilitavam a escolha de um júri imparcial.

Ao segundo dia deste julgamento, coberto por dezenas de meios de comunicação de todo o mundo, o advogado Arthur Aidala estimou que as novas acusações contra Weinstein por agressões sexuais contra duas mulheres em 2013, anunciadas pela Procuradoria de Los Angeles no início do seu julgamento em Nova Iorque por outros crimes "não tem precedentes" e são "incrivelmente prejudiciais" para o seu cliente.

Ele considerou que as novas acusações são "um presente de Natal" para a acusação e tornam impossível a seleção de um júri "imparcial".

Mas o juiz James Burke rejeitou o seu pedido, respondendo que todos os réus são considerados inocentes até ao final do processo e que isso será explicado aos jurados.

No entanto, o juiz não descartou a modificação do questionário a que os potenciais jurados serão submetidos se a defesa quiser incluir perguntas após a acusação na Califórnia.

Harvey Weinstein, de 67 anos, chegou esta terça-feira ao Supremo tribunal de Manhattan vestindo um fato cinza, camisa branca e gravata cinza.

Estava pálido, como na segunda-feira, e caminhava com dificuldade com a ajuda de um andarilho, após uma recente cirurgia às costas a que foi submetido na sequência de um acidente de carro em agosto.

O juiz repreendeu-o por usar o seu telemóvel no tribunal para enviar mensagens de texto, apesar dos avisos de que não poderia fazê-lo, e disse que seria preso se o fizer novamente.

"Tem havido problemas todos os dias [...] É assim que quer acabar na prisão [...] simplesmente por enviar mensagens de texto?", perguntou.

Harvey Weinstein negou ter usado o aparelho na sala.

"Não, não", disse, balançando a cabeça em negação quando o juiz se dirigiu a ele.

O magistrado estimou que, após duas semanas de seleção do júri, os casos iniciais de ambas as partes serão ouvidos a 22 de janeiro.

Quase 90 mulheres, incluindo as famosas atrizes Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow, denunciaram o antigo produtor por assédio, agressão sexual ou violação desde que o jornal New York Times revelou várias acusações contra ele a 5 de outubro de 2017.

Mas ele é julgado em Nova Iorqueapenas por agressões contra duas mulheres: uma alegada violação em 2013 e um alegado abuso sexual em 2006. Os outros crimes prescreveram.

Se condenado, enfrenta uma sentença máxima de prisão perpétua. Se for absolvido, deverá ser julgado em Los Angeles pelas novas acusações que foram apresentadas.