Um sol abrasador acolhia os primeiros visitantes do Passeio Marítimo de Algés – justamente aqueles que pretendiam ver mais de perto a banda de Matt Bellamy (voz, guitarra, teclas), Chris Wolstenholme (baixo) e Dominic Howard (bateria). Já passava das 21h30 quando a escuridão necessária para potencializar as imagens do gigantesco painel “LED” atrás do palco terminou por chegar.
Os primeiros letreiros avisam que vivemos aprisionados numa simulação – essencialmente o conceito do novo álbum, algures entre o futurista e o distópico mas representando o sempre aguçado sentido de inconformismo político da banda.
Entram, saídos de alguma fantasia “sci-fi” “kitsch” dos anos 80, os dançarinos que ainda serão encontrados em vários momentos onde a teatralidade do espetáculo até serve para eles “voarem” pendurados por cordas enquanto efeitos de luzes criam um grande efeito.
A longa convivência dos Muse com o público português (15 atuações por cá, a última delas no Rock in Rio 2018...) e a presença constante nos lugares cimeiros dos “charts” garantem ao trio um bom punhado de músicas onde praticamente nem precisam cantar.
Veja as fotos do concerto:
Aparecendo aos poucos entre as canções do novo álbum, “Psycho” é o primeiro delírio, onde um androide computadorizado faz as perguntas do refrão para o público gritar em uníssono “Aye, sir!”.
Dos grandes momentos de “Simulation Theory” é “The Dark Side”, cujo video é parcialmente reproduzido no ecrã enquanto o seu “monstro” será, em tamanho gigante, uma presença sobre os músicos nas últimas canções.
Um trio com muitos anos, sempre adorado pelos seus concertos e no auge da maturidade, os Muse têm o público na mão, mas, a maior parte da empatia (apesar de algumas frases clichés e a bandeira de Portugal aparecerem) fica-se pelos “riffs” poderosos e a sonoridade cristalina que enquadra os tons eletrónicos do último trabalho.
O refrão de “Uprising” dispensa os serviços de Bellamy e é fácil pensar que se houvesse revoluções no século XXI este seria o seu hino (“They will not force us/They will stop degrading us/They will not control us/We will be victorious”!!!).
Para uma banda que nunca deixou de se ocupar de tais temas, não surpreende que ele regresse no mesmo formato no final – com a icónica canção “Knight of Cydonia” novamente entoada em coro onde o povo aceita que “chegou a hora de fazer a coisa certa”. De resto o público canta e dança com a “disco” e os “falsettos” de “Supermassive Black Hole”, e com temas conhecidos como “Hysteria”, “Time Is Running Out” ou “Plug in Baby”.
Entre pirotecnias tecnológicas, convites à revolução e um caldeirão energético, os Muse foram embora, deixando no ar a simulação da alegria.
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