O vento fez-se sentir no segundo dia d’O Sol da Caparica 2014. Numa noite onde Deolinda, 5-30, Expensive Soul e Pedro Abrunhosa viriam a ser os grandes protagonistas, tudo começou com um final de tarde à la OutJazz com Orlando Santos a fazer o chill necessário para um sunset à luz da Caparica.

Acompanhado por uma trompete – a verdadeira protagonista deste concerto -, Orlando Santos fez as delícias dos que se deitaram ou sentaram na relva em frente ao palco secundário. Ao todo eram seis em palco, mas foi a voz melódica de Orlando que sobressaiu. Deu para ouvir Only Love, do álbum My Soul, que nos deixou confortados para o resto do dia. “Only love can save the world”, é a mensagem. African Culture, Rivers of Babylon ou Get Up Stand Up também deram ar de sua graça para completer o ambiente soul/reggae que ali crescia. Por fim, uma mensagem para todos do que deve fazer este festival: “abrir o caminho para os futuros músicos portugueses”.

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Às 20h em ponto, Diabo Na Cruz já nos brindavam com um Tão Lindo concerto, isto se Os Loucos Estão Certos. É notória uma maré de gente que abandona o palco Blitz para rumar ao palco SIC/RFM. Numa onda de rock bem-disposto, os Diabo Na Cruz cumpriram o seu papel e abriram caminho para que Deolinda viessem trazer a portugalidade ao Sol da Caparica. Também eles pontuais, às 21h ouvem-se os primeiros acordes da guitarra, os gritos do público e, de repente, notámos que o recinto está cheio. E com um “Boa noite, Caparica!” de Ana Bacalhau, a vocalista, o espectáculo começa sob ‘as minhas muletas’, como se ouve nos primeiros versos cantarolados.

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De vestido preto simples, Ana Bacalhau foi entertainer q.b. ao mesmo tempo que deu grandes interpretação de Não Tenho Mais Razões ou de Seja Agora. “É um prazer estar aqui hoje”, disse várias vezes. As melodias apressadas dos Deolinda puseram os pés do público a bater e músicas como Fon Fon Fon acertaram o passo. Mas foi a canção Loucos – que serve para ter “uma loucura saudável para esta vida não ser tão chata”, avisa-nos Bacalhau – que nos levou ao êxtase, tal é a parecença do recinto com um Jardim Zoológico (sem ofensas, tudo por causa da doidice). “Ele diz que o corpo não se privatiza | E que só com desejo é que se realiza | É doido!” A machadada final vinha com Movimento Perpétuo Associativo que meteu todos a cantar… “agora não” e as suas desculpas – “vão sem mim que eu vou lá ter”.

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Mal entraram, os 5:30 levaram com múltiplos gritos vindos da audiência. A dupla Regula e Carlão fez o delírio dos mais novos, quase uma sensação de que ‘Já Estive Aqui’ e de um ‘Uso e Abuso’. O ‘Vício’ lá esteve, assim como as referências à Margem Sul, a Almada e aos ‘tropas’. A anunciada ‘Arame’ trouxe o dinheiro à baila e, no refrão, muitos foram ao céu e vieram (quase literalmente). Com os 5:30 “só se for à base do arame”, avisam. Depois de um solo do terceiro elemento da banda, Fred, que teve direito a beats do último álbum de Beyoncé, seguiu-se uma participação de Sam The Kid para ‘Pitas Querem Guito’. Perto do final, tempo para uma espécie de balada ou ode ao amor: ‘Pode Ser’. Mas tinha chegado a hora do final, em forma apoteótica, com ‘Chegou A Hora’. Missão cumprida.

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Um pouco atrasados, os Expensive Soul chegaram já com um aquecimento dos back vocals que fizeram o público gritar o nome da banda repetidamente. Logo no início lançam o trunfo do single, Cupido, e a festa começa. Reacender a Chama e Que Saudade dão engrenagem à banda para depois se lançar em solo, e na conhecida 13 Mulheres (Sabes Bem). A festa foi desenrolando-se graças à peculiar voz de New Max enquanto Demo ia interagindo com o público. Eu Não Sei é o prenúncio do fim, mas foi o Amor É Mágico que terminou a party dos Expensive Soul no Sol da Caparica.

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Depois de alguma espera, o recinto já mais do que cheio vê Abrunhosa em palco. Acompanhado pelos Comité Caviar, o cantor portuense foi mais do que um cantor, foi um verdadeiro entertainer que conquistou a comunicação social, o público e os fãs de música. Nas três primeiras músicas aqueceu o palco aproveitando para chamar os fotógrafos lá cima, o que lhes valeu umas belas capturas. Não contente, Abrunhosa chama novamente gente ao palco, desta vez o público que se quiser juntar. É visível a empatia do cantor com o público português neste que é o festival mais português de Portugal. Este Abrunhosa que deu à Costa criou ‘Pontes Entre Nós’, numa bela balada, ao mesmo tempo que nos mandou ‘Todos Lá Para Trás’. Mas foram os hits antigos que fizeram a delícia do público que cantava em uníssono: Não Desistas de Mim, Tudo O Que Eu Te Dou ou Se Fosse Um Dia O Teu Olhar foram a cereja em cima do bolo de um concerto para massas – satisfeitas, por sinal.

Fotografias: Joana Jesus