
“É irónico, e até divertido, que me deem o prémio quando sou ministro”, disse N’Dour que, desde há um ano, está à frente do Ministério do Turismo e Cultura do Senegal.
O músico foi distinguido por seguir a tradição “griot” da África Ocidental, tendo demonstrado que pode evoluir “numa narrativa sobre todo o mundo” e tendo ajudado a reduzir a animosidade entre a sua própria religião, o islão e outras religiões”, segundo o texto da Real Academia Sueca de Música, que decide a atribuição do galardão.
Nascido em Dacar, em 1959, Youssou N’Dour começou a dedicar-se à música aos 13 anos e, em 1981, formou a banda Super Étoile, com a qual começou a tocar em África e na Europa. Em 1994, o êxito das vendas do seu duo “7 Seconds”, com Neneh Cherry, tornou-o conhecido à escala mundial.
“A música é a arma mais poderosa contra a intolerância”, disse hoje no seu discurso, o músico, que dedicou o prémio à família, aos músicos com quem tocou e a toda a África.
A finlandesa Kaija Saariaho, nascida em 1952, foi distinguida por ser “uma compositora única”, “uma maestrina moderna”, que combina instrumentos acústicos e eletrónicos, numa música inspirada nos seus próprios sonhos, segundo a Real Academia, citada pela Efe. A compositora apelou para “não se julgar a música pelo seu valor económico” e defendeu a variedade face a um critério exclusivamente comercial.
Saariaho iniciou os seus estudos na Academia Sibelius, em Helsínquia, tendo-os continuado em Friburgo e em Paris, no Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (IRCAM), desenvolvidos por Pierre Boulez.
A sua obra é essencialmente constituída por música de câmara, apesar de se ter tornado numa compositora para ópera muito requisitada, como escreve a agência espanhola de notícias Efe, em particular desde a estreia de "Un amour de loin", com libreto de Amin Maalouf, estreada no Festival de Salzburgo, no ano 2000.
N’Dour e Saariaho, que sucedem a dois norte-americanos - o "cantautor" Paul Simon e o violoncelista Yo-Yo Ma -, distinguidos o ano passado, irão receber um milhão de coroas suecas (117 mil euros).
O Prémio Polar foi criado em 1989 por Stig Andersson, editor e compositor do grupo ABBA. Desde 1992, quando foi entregue pela primeira vez, o Polar já distinguiu, entre outros, B.B. King, Gyorgy Ligeti, Keith Jarrett, Bob Dylan, Ray Charles, Pierre Boulez, Elton John, Bruce Springsteen, Stevie Wonder, Pink Floyd, Dizzy Gillespie, Sony Rollins, Gilberto Gil, Ennio Morricone e Björk.
O Prémio foi entregue pelo Rei Carlos Gustavo da Suécia, numa cerimónia que decorreu na "Casa de Concertos" (Konserthus) de Estocolmo.
@Lusa
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