Quem começou a abrir alas para sua majestade foi Jorge Palma, a primeira actuação da última noite do certame, no palco Super Bock. Com o seu “gang”, o cantor português revisitou alguns dos seus temas mais conhecidos como Deixa-me Rir e Encosta-te a Mim.

O público recebeu de forma tímida os britânicos Stereophonics que só conseguiram pôr o público a vibrar com músicas como Have a Nice Day e All Around Upside Down. Apesar de o espectáculo ter ficado marcado pela fraca assistência e recepção por parte o público, a banda de Kelly Jones pôs o recinto a vibrar ao som do tema Maybe Tomorrow, arrancando dos lábios de quem conhecia a música o refrão “maybe tomorrow I’ll find my way home”. Uma frase que ganhou ainda mais sentido, tendo em conta que aquele era o último dia do festival e o regresso a casa para muitos.

“Tenham uma boa noite, aproveitem o concerto de Prince, façam amor, bebam e cuidem uns dos outros”, foi a mensagem que Kelly Jones quis deixar aos seus poucos, mas fiéis, seguidores, antes de regressar ao País de Gales.

Pouco tempo depois, Britt Daniel não quis deixar os seus fãs esperar demasiado tempo e entrou sozinho em palco, acompanhado pela sua guitarra acústica, para cantar Me and The Bean. No segundo tema dos Spoon, um avião de acrobacias sobrevoou o recinto pondo o público e a própria banda com os olhos fixados no céu.

Seguiram-se os The National, com um público mais receptivo e concentrado na sua actuação. Contudo, a interacção do vocalista, Matt Berninger, com a assistência foi diminuta. O concerto foi pautado pelos temas mais conhecidos da banda como, por exemplo, Fake Empire e Slow Show.

O caminho estava aberto para que sua majestade, Prince, subisse ao palco e arrasasse. Depois de cerca de uma hora de espera, as 32 mil pessoas que esperavam pelo músico viram o seu desejo realizado. Prince pisou o palco e desde aí que os gritos e palmas não cessaram mais.

Temas como Let’s Go Crazy e 1999 abriram a pista de dança em que se tornaria o recinto do certame. O repertório cheio de sonoridades do disco sound, presentes em alguns êxitos como Le Freak, dos Chic, pôs toda a gente a mexer. No meio de tanto funk, Prince ainda teve tempo de tocar e cantar temas mais calmos como Nothing Compares to U, original de Sinéad O'Connor, e o famoso Purple Rain.

No entanto, foi com o tema Kiss que também o público gritou. Prince disse saber o que Portugal quer e tinha razão. Foi com muita dança, muito funk, muitos gritos e muitas guitarradas que Prince conquistou os portugueses. Se alguém não tivesse ficado convencido com a prestação do cantor, de certo que as guitarradas de Prince junto com a voz de Ana Moura acabariam por render, esse alguém, aos pés de sua majestade. A fadista portuguesa, amiga do cantor norte-americano, teve direito a um guitarrista de luxo e um pianista também português, Ricardo Neto, enquanto cantava A Sós Com a Noite e A Casa da Mariquinhas.

Ao longo do espectáculo Prince repetia o nome do nosso país, e levando-nos a cantar “Oh Portugal”, cada vez com mais sentimento. A mestria do artista era bem visível nas manhas que aplicava para evitar que o público se aborrecesse. Prince pedia à plateia para cantar, mas se ninguém cantasse pedia logo para baterem palmas, para dançar ou para saltar, tudo o que pudesse ser útil para animar todas as pessoas.

Antes do segundo encore (o primeiro acontecera antes de Ana Moura subir ao palco), Prince despediu-se com outra música cheia de boogie, Dance (Disco Heat), de Sylvester. Contudo, Prince voltou a entrar em cena, mesmo depois da multidão começar a dispersar e de muitos abandonarem o recinto, para cantar mais três músicas: When Doves Cry, Diamonds and Pears e The Most Beatifull Girl in the World.

Se Prince foi o Rei do último dia do festival, Sharon Jones foi sem dúvida a rainha, não só do funk, mas também do palco secundário do evento. Acompanhada pelos seus The Dap Kings, a norte-americana brindou o público com uma actuação energética e de qualidade, mostrando que a sua idade avançada (na casa dos 50), não é um impeditivo para que seja, também ela, membro da realeza. I Learned the Hard Way, When I Come Home e Without a Heart foram algumas das canções que se ouviram e dançaram, no palco EDP.

Depois de sua majestade se retirar de cena, a multidão começou a dirigir-se para a saída. Poucos ficaram para ver os australianos Empire of The Sun, em grande parte, por se avizinhar um dia de trabalho. Os poucos que ficaram deliciaram-se com toda a cenografia e efeitos visuais do duo electrónico e cantaram, em sintonia com a voz de Luke Steele, o tema We Are The People.

Quando o duo australiano se retirou do palco, com toda a sua comitiva, já os decibéis do produtor francês Laurent Garnier se faziam ouvir na tenda @Meco. Num live act com direito a saxofonista e trompetista, o DJ e produtor encheu as medidas dos amantes de música electrónica. Pouco depois das quatro da madrugada, a festa passava de uma tenda para várias, mas desta vez no parque de campismo, onde apenas os mais sonolentos ou sortudos conseguiram dormir.

Confere aqui as fotografias do terceiro dia do Super Bock Super Rock:

Melanie Antunes