
Pouco depois da abertura de portas do recinto, já se via uma massa de pessoas em frente ao palco principal, a guardar lugar na primeira fila para o concerto de Arctic Monkeys, que era, sem dúvida, o concerto mais esperado da noite. Contudo, foram as portuguesas Anarchicks a inaugurar o palco principal. As “riot grrrls portuguesas” depressa conquistaram o público com o seu punk eletrizante e uma atitude provocadora e atrevida. Apresentaram músicas do seu EP e do seu primeiro albúm, “Really?!”, editado este ano.
Às 20h00, a abertura do palco EDP (e também o primeiro concerto do festival) esteve a cargo de Kalú, novo projeto do baterista dos Xutos e Pontapés. Carlos Ferreira veio apresentar o primeiro CD, editado este ano, acompanhado por músicos dos Peste e Sida e dos Anti-Clockwise, num concerto punk rock a meio gás.
No mesmo palco, pouco antes das 22h00, atuou Owen Pallett, músico e compositor canadiano, que ocasionalmente colabora com os Arcade Fire. Munido do seu violino e acompanhado por uma bateria e uma caixa de ritmos, e com algumas influências de Andrew Bird, apresentou um concerto alegre e melódico, que dividiu opiiniões: muitos gostaram, outros ficaram indiferentes.
Outro concerto que também não gerou consenso foi o de Azealia Banks, no palco Super Bock. Este era outro dos concertos que criavam mais expetativa entre os presentes, principalmente por ter sido cancelada, no ano passado, a sua actuação, também no SBSR.
Passava pouco das 22h00 quando a rapper norte-americana subiu ao palco, acompanhada pelo DJ Cosmos e duas bailarinas. “Portugal, make some fuckin' noise!”, gritou Azealia ao microfone, antes de dar inicío a um concerto cheio de energia. Ao longo de quase uma hora e meia ouviram-se os hits mais conhecidos da rapper, como “Funk up the fun”, “1991” e “Luxury”; e grande parte dos que assistiam ao concerto saltavam freneticamente ao som dos ritmos hip hop, funk e electrónicos.
Perto do final do concerto, Azealia Banks apresentou uma música nova, “que deu muitas chatices para a conseguir editar”: uma remistura do popular “Harlem Shake”, que levou, obviamente, o público ao delírio. No entanto, apesar de ter agradado a muitos dos que viram o concerto - especialmente às camadas mais jovens -, houve também muita gente a torcer o nariz à atuação desta artista irreverente.
O ex-guitarrista dos The Smiths, Johnny Marr, subiu ao palco Super Bock às 23h30, perante uma enorme plateia. Apesar de vir a Portugal apresentar o novo albúm “The Messenger”, do seu projecto a solo, foi-lhe impossível passar ao lado de clássicos do seu antigo e popular grupo. Sempre com uma boa disposição contagiante, brindou o público com músicas como “There is a light that never goes out”, “Big mouth” e “Stop me if you think you've heard this one before”. Para muitos dos que estavam no recinto, foi o segundo melhor concerto da noite - uma espécie de viagem no tempo.
O concerto dos londrinos TOY era um dos mais esperados da noite. Quando, à hora marcada para o concerto, o palco EDP ainda se encontrava às escuras, os festivaleiros começaram a ficar preocupados - faltava também pouco tempo para começarem a tocar os Arctic Monkeys.
Devido a problemas com a bagagem no aeroporto, os TOY começaram o concerto com 20 minutos de atraso e, apesar de estar muita gente para os ver nas primeiras duas músicas, a zona do palco EDP foi-se esvaziando à medida que chegava a uma da manhã e o concerto dos Arctic Monkeys. Já no fim do concerto de TOY, sobravam pouco mais de 50 pessoas para os ver, mas que, no entanto, garatiram que foi um dos melhores concertos da noite.
À hora marcada, já se encontravam milhares de pessoas em frente ao palco principal, e era difícil furar a massa de gente para se tentar ver o concerto mais de perto. Quando se começaram a ouvir os primeiros acordes de “Do I wanna know”, single do novo albúm que vai sair em setembro, e os músicos ingleses subiram ao palco, a multidão entrou em delírio. Delírio esse que se manteve ao longo de todo o concerto, que foi um revisitar de antigos sucessos, como “Brianstorm”, “Dancing shoes” ou “Crying and lightning”.
Num concerto que foi mais animado que o habitual - pelo menos mais animado que o de há dois anos, no mesmo palco -, o público português mostrou o seu poder e a sua dedicação, cantando em coro praticamente todas as músicas e nunca parando de saltar e dançar ao ritmo alucinante das guitarras. “Vocês são um público magnifico”, elogiou Alex Turner no fim e antes de tocarem a nova músic,a “Are you mine?”.
Mas a uma hora de concerto soube a pouco aos festivaleiros que, mesmo depois do grupo sair do palco, mantiveram-se a aplaudir e a chamar pelos músicos, que protagonizaram o primeiro enconre da noite e, segundo o que se ouvia no recinto, o primeiro grande concerto do festival.
Texto: Mafalda Trindade
Fotografia: André Victor Tavares e Manuel Casanova
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