Sábado à noite, foi a vez dacidade Invicta vestir-se a rigor para receber a banda de Deryck Whibley, que, por estas terras, nunca tinha andado. A noite estava surpreendentementeagradável, o que fez com que muitos dos fãs da grande atracção do fim-de-semana portuensesó entrassem no recinto antes da sua actuação. No entanto, por essa altura, a sala de espectáculos já se mostrava composta, nãotivessem sidoresponsáveis pela primeira parte do concerto os portugueses Fitacola.

O ritmo acelerado e a energia absolutamente contagiante da actuação da banda lusa deixara adivinhar o que iria acontecer nas próximas horas. Depois de muito terem puxado pela assistência, os Fitacola despediram-se do Hard Clubcom um forte e merecido aplauso da parte do público, que guardava, nitidamente, as suas energias para os momentos que se seguiam. "Sum 41, Sum 41, Sum 41" eram as palavras de ordem do momento, pronunciadas por todos em uníssono enquanto aguardavam, impacientes, a chegada dos Sum 41.

Por volta das 22h00, o momento por que todos esperavam finalmente chegou. O palco, onde repousava uma tela com o nome do grupoe os respectivos instrumentos, perdeu a luz, gerando, de imediato,a euforia generalizada, bastante exagerada por sinal,na plateia.

Ouviram-se, então, os primeiros acordes do grupo, que, sem pressa, subiu ao palco, inaugurando a performance com No Reason. Ninguémse mostravaindiferente ao Punk Rock da banda canadense. Nem mesmo o chão do Hard Club, que estremecia, furioso.

My Direction, Skumfuk e We’re All To Blame foram os temasque se seguiram,com o público a não parar de saltar, empurrar e berrar. Havia moche, croud surfing e todo o género de peripécias, características de um Punk Rock não compreendido e odiado por muitos nos dias de hoje.

Mas Deryck exigia mais e mais, ficando surpreendido com a resposta da plateia. “É a nossa primeira vez aqui mas tenho a certeza que iremos voltar", repetia, surpreendido.

Walking Disaster, Over My Head e Screaming Bloddy Muder foram a prova dos nove para os verdadeiros fãs da banda. Estes encontravam-se vestidos a rigor, ostentando t-shirts dos Sum 41 e, como não poderia deixar de ser, da banda de Billy Joe Armstrong - os Green Day. Havia pessoas de todo o país. O público de Coimbra marcou presença em peso e nem nuestros hermanos quiseram faltar à festa.

No concerto não faltaram também covers de outras bandas. Rebell Yell, de Billy Idol, surpreendeu, a certa altura,o público portuense, que tentava, a todo o custo, reservar energia para osclássicos dos Sum 41.

Sucederam-se Underclass Hero, The Hell Song, Motivation e Metal Mayhem que, mais uma vez, mostraram a força do colectivo. O espaço revelava-se pequeno para tantos saltos e empurrões, evidenciando a importância da presença dos seguranças naquela noite, abençoada, a par e passo, com garrafas de água atiradas do palco, que insistiam em molhar as filas da frente, mais ferverosas.

Com os temas mais conhecidos ainda por tocar, Deryck aproveitou, a dado momento,para apresentar a banda e fazer um pouco de publicidade ao seu exímio guitarrista. Num tom de brincadeira, revelou que este conseguia tocar qualquer música e até pediu algumas sugestõesaos fãsmais extrovertidos.Várias foram dadas, mas foi Master of Puppets, dos Metallica, a escolhida para aquele momento. Os fãs aplaudiram com intensidade a prestação.

Já na recta final do espectáculo, os grandes sucessos dos Sum 41,como Mr. Amsterdam, Makes No Difference e Still Waiting, foram tocados, quase em uníssono com a sala, abrindo alas para In Too Deep, quefez as delícias da noite. Todos sabiam a letra, praticamente todos saltavam e viviam aquele momento, inclusive os funcionários dos bares de serviço.

Logo a seguir, abanda despediu-seapressadamente e,sem grandes demoras,abandonou o palco. No entanto, a plateia recusou-se a sair. Temas obrigatórios, como Pieces, faltavam tocar. O público, em jeito de adivinhação, pediu-o efusivamente, atraindo a banda, novamente, para o palco. Deryck perguntou sea assistência eracapaz de o cantar sozinha, recebendouma resposta positiva, dando imediatamenteinício à música.

Fat Lip e Pain For Pleasure terminaram com chave de ouro uma noite memorável para todos os que ali se deslocaram. Os Sum 41 não estão a morrer. Pelo contrário: estão vivos e prontos para dar concertos com uma intensidade quase indescritível, mostrando que o Punk é vivido como uma cultura, muitas vezes rejeitada e associada a outros fins.

Fotografias: Filipa Oliveira

Texto:
José Aguiar