
O pianista sobe pela primeira vez ao palco da Sala Suggia para encerrar o Ciclo de Piano EDP, acabando o jejum a que se autoimpôs, como “protesto político”, enquanto Rui Rio estivesse à frente da autarquia portuense.
“Já era hora. É um dos grandes pianistas portugueses pelo que mais tarde ou mais cedo faria todo o sentido”, afirmou hoje António Jorge Pacheco na apresentação da programação para o último trimestre da Casa da Música. “Não vamos esconder que há um lado emocional ligado à sua estreia porque foi ele o mentor desta casa, foi ele que lançou o projeto”, recordou ainda.
Pedro Burmester não toca na sua cidade natal desde 2003, altura em que se envolveu numa polémica com o presidente da câmara, Rui Rio, que defendeu a demissão do pianista da administração da Casa da Música, cargo que ocupava depois de ter sido coordenador musical da Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.
As declarações de Rui Rio surgiram depois de uma entrevista do pianista ao Jornal de Notícias, em que este considerava que a Câmara do Porto “tem uma percentagem muito pequena (no capital da Casa da Música) e, segundo diz, poucos meios financeiros para investir no projeto. Como tal, não terá uma palavra muito importante a dizer. Está mais preocupada com questões que também têm de ser resolvidas, mas que reduzem o Porto a uma aldeia”.
Burmester e a restante administração, que acabariam por incompatibilizar-se, seriam demitidos em junho de 2003, mas o pianista continuou ligado à Casa da Música como consultor permanente e regressou como diretor artístico, já em 2007, com um executivo socialista no Governo, sucedendo-lhe o atual diretor artístico em 2009.
O ciclo EDP também contará com a estreia no Porto de Rafal Bleachacz, pianista polaco que em 2005 foi o primeiro músico a arrebatar todo os prémios do Concurso Chopin, em Varsóvia e o regresso de Arcadi Volodos.
Na extensa programação clássica destaca-se o regresso da ópera à Casa da Música em setembro, com “Ligações perigosas” do compositor em residência Luca Francesconi que estreou no Scala de Milão em 2011, mas também de Emilie de Kaija Saariaho, com libreto de Amin Maalouf, em outubro, pela Orquestra Gulbenkian.
Com o ano Itália a decorrer, António Jorge Pacheco destaca o concerto da Orquestra Barroca com a “peça do reportório barroco que as pessoas mais apreciam”, “As quatro estações” de Antonio Vivaldi mas também, em outubro o festival “À volta do barroco”.
Destaque para a presença de importantes solistas como Augustin Hadelich e Martin Grubinger, segundo António Jorge Pacheco “o maior percussionista solista da atualidade” e de agrupamentos como o contemporâneo Collegium Novum Zurich ou o Accordono Ensemble.
@Lusa
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