“Com o objetivo de angariar fundos para a construção da Casa do Artista na região Norte do país, este evento é um apelo à união em torno de uma causa comum: garantir dignidade, acolhimento e reconhecimento aos artistas que marcaram a nossa história”, pode ler-se no site da sala da Rua de Passos Manuel.

Em declarações à Lusa há semanas, o presidente da Associação Amigos do Coliseu do Porto, Miguel Guedes, afirmou que “o concerto é uma janela de esperança para uma casa que ainda não existe”.

“O ideal seria que estas Casas do Artista se multiplicassem pelo país e se replicassem, mas a verdade é que só existe uma e é em Lisboa”, afirmou Miguel Guedes, lembrando que o projeto de criação de uma Casa do Artista no Norte é uma ambição antiga de muitas pessoas do setor, que ainda não teve desenvolvimentos concretos.

A Casa do Artista, em Lisboa, foi fundada em 1999 e tem por objetivos “apoiar, dignificar e proteger aqueles que exercem ou tenham exercido funções relacionadas com a atividade artística e cultural”, segundo o ‘site’ da instituição, contando com uma residência para seniores.

Nas palavras de Miguel Guedes, uma Casa do Artista será “um lugar seguro para um fim de vida ou início de outra”, lembrando que são promovidas várias iniciativas para dinamizar a entidade e envolver os próprios residentes.

“Espero que [o concerto] seja um momento de celebração e que permita angariar mais associados, dar a conhecer [o projeto] e depois, com este reforço de visibilidade, exigir ao poder político que assuma a sua responsabilidade e que nos ajude”, afirmou o presidente da entidade gestora do Coliseu do Porto.

Para Miguel Guedes, este será um momento de viragem: “Ou conseguimos colocá-la como uma necessidade absoluta e todos são convocados a assumir as suas responsabilidades, ou então temos de partir para outra solução”.

Num comunicado partilhado com a Lusa este mês e assinado pelo presidente da Associação Mutualista dos Artistas (AMAR), João Cunha, é recordado que “a futura Casa do Artista tem projeto aprovado desde 2009, apesar da necessidade de ser revisto por obrigações de segurança e de dimensões, e teve terreno que, por erro administrativo à data, não permitiu que a construção avançasse”.

“Neste momento estamos a retomar o processo, e do qual foram já iniciados contactos com o [arquiteto] Manuel Correia Fernandes para que, em conjunto com a Câmara Municipal de Matosinhos, se possa assegurar o terreno prometido para que seja refeito o projeto ao terreno em causa, assim como a dimensões e segurança exigidos por regulamentação vigente”, acrescentou, no mesmo texto.

Na semana passada, em resposta a questões da Lusa, fonte oficial da Câmara Municipal de Matosinhos disse que a autarquia se mantinha disponível para encontrar um terreno onde possa nascer a futura Casa do Artista do Norte.

A mesma fonte recordou que a “Assembleia Municipal, na sua sessão extraordinária de 14/05/2009, deliberou aprovar a proposta de cedência de um terreno municipal, sito na Rua Veloso Salgado, em Leça da Palmeira, pelo período de 25 anos, em regime de direito de superfície, à Associação Mutualista dos Artistas – Casa do Artista – Norte, para a criação de um Lar para a 3.ª Idade, com capacidade para 60 utentes”.

No entanto, “o projeto, da autoria do arquiteto Correia Fernandes, não foi aprovado”. Mais tarde, já com Luísa Salgueiro na presidência, “o processo voltou à mesa de conversação e verificou-se que o terreno integrava agora uma AUDAC [Área Urbana Disponível A Consolidar] e que não tinha área suficiente para lá instalar um edifício com as dimensões constantes do projeto”.

O cartaz do espetáculo de hoje inclui Gisela João, GNR, Miguel Araújo, Ornatos Violeta, a Banda Filarmónica de Matosinhos-Leça, José Raposo (diretor da Casa do Artista de Lisboa), Óscar Branco, Pedro Lamares, Rita Reis e Rui Xará.

Os bilhetes custam entre 10 e 40 euros.