
The Happy Mess - 18h00 – Palco Santa Casa
Fruto dos conturbados horários de autocarros para o festival, quando este vosso escriba chegou ao recinto já os The Happy Mess iam avançados na sua atuação. Ainda assim, deu para perceber que há mais nesta banda do que as caras conhecidas que a compõe. Porém, com um som que remete para uns The National ou Arcade Fire de cariz mais alternativo, é visível que ainda têm de crescer e consolidar o seu som. Apesar de tudo, deixaram boas indicações para o seu CD de estreia, “Songs From the Backyard”, a sair em setembro.
Márcia – 19h30 – Palco Santa Casa
À hora de Márcia, o recinto encontrava-se bem mais composto que no dia anterior, mas, ainda assim, foram poucos os presentes no palco secundário para assistir ao concerto de Márcia Santos. Dona e senhora de uma das melhores vozes nacionais descobertas nos últimos anos, a artista foi tocando as suas músicas, ora de guitarra acústica ora de guitarra elétrica na mão, Márcia foi cantando e puxando pelo público presente e, a momentos, lá foi recompensada, embora tenha pairado sempre no ar a ideia de que as subtilezas da sua música pedem outro tipo de recinto.
Orelha Negra – 20h30 – Palco MEO
A anunciada lotação esgotada vai-se fazendo sentir bem cedo e, à semelhança de WE TRUST no dia anterior, quando o projecto de Sam the Kid, Fred, Dj Cruzfader, Francisco Rebelo e João Gomes entrou em palco, tinha já um grande número de pessoas à sua frente para os receber.Com dois álbuns na manga, os lisboetas trouxeram até Gaia o seu original e rico reportório, e deram um óptimo concerto, tornando difícil imaginar um melhor fim de tarde/início de noite.
Recebidos com muito entusiasmo pelo público, os Orelha Negra subiram a palco e, desde o primeiro momento, pareceram dispostos a fazer a festa. Tocando os temas dos seus Lp’s, a banda serviu o seu som orgânico e único, onde por trás de beats encorpados surgem loops e samples plenos de história e portugalidade. O Soul, Funk e Hip-Hop são os motores de um concerto enérgico e super-competente.
Sem comunicarem uma única vez com o público, foram-se socorrendo de gravações para a realização desse fim, e ninguém se pareceu importar com isso. Durante todo o concerto, poucas foram as almas que se recusaram a dançar ou a entregar-se de corpo e alma à sua música e, após serem servidos os principais singles “Throwback”, “ Since you’ve been gone” ou “ A cura”, havia um sentimento geral de aprovação e de admiração pelo projeto português. Foi um óptimo concerto, que certamente irá ficar na memória como um dos melhores do festival.
La Roux – 22h00 – Palco MEO
Coube à inglesa La Roux a árdua tarefa de agarrar o numeroso público que já se encontrava em frente ao palco MEO a marcar lugar para James Morrison e David Guetta.
Após o excelente concerto de Orelha Negra, seria difícil manter o nível, mas a britânica entrou em palco disposta a provar o contrário, arrancando com “In For The Kill”, um dos seus singles de maior sucesso.
Agora sem a sua característica crista/poupa , a ruiva trouxe até Gaia uma banda composta por dois músicos, entregues aos teclados e sintetizadores, um baterista e um guitarrista/percurssionista, e, em 2013, pode dizer-se que aquilo que perdeu em irreverência parece ter ganho em solidez e maturidade, demonstrando isso com uma fantástica presença em palco, mostrando como sem grandes artifícios a sua voz e a sua figura chegam para encher o palco.
Emendando erros de atuações passadas, onde nem sempre conseguiu sair do registo de estúdio da melhor forma, o projeto liderado por Elly Jackson (na verdade, é um duo, partilhado com o produtor Ben Langmaid , mas ao vivo a andrógina ruiva é a dona do palco e centro de todas as atenções) foi servindo o seu synth/electro-pop dançável e bem disposto aos festivaleiros, que não se fizeram rogados na hora de dançar. Quando, por fim, chegou "Bulletproof", toda a gente cantou e dançou, encerrando da melhor forma um bom concerto.
James Morrison – 23h30 – palco MEO
Algo deslocado no cartaz desta noite , o britânico é já um habitué nestas andanças dos festivais nacionais.
Enfrentando um público desejoso de ouvir os seus maiores êxitos, Morrison foi balanceando o concerto entre momentos mais mexidos e momentos mais acústicos, onde se fez valer do seu principal trunfo, que ainda é a sua voz. Bem acompanhado por uma competente banda de apoio, o britânico foi-se passeando por momentos que roçavam a soul ou caminhavam por estradas não muito longínquas de um Bryan Adams mais soft, nunca negligenciando, porém, aquele Pop certinho e direitinho, a que está e estará sempre associado..
Comunicativo q.b., mas visivelmente feliz por estar de regresso, foi fazendo as delícias dos fãs com os “obrigado” da praxe, e conforme o tempo foi passando, foram chegando os êxitos: sem Nelly Furtado, “Broken Strings” teve direito a acompanhamento ao piano e ofereceu-lhe a primeira grande ovação e coro da noite e, a encerrar a primeira parte do concerto, chegou a muito aguardada “You Give me Something”.
Após uma curta saída de palco, o britânico voltou para ainda servir mais duas músicas e terminar com um concerto que não deixou ninguém desiludido, mas que, a espaços, foi demasiado repetitivo, pecando essencialmente pela estranha colocação no alinhamento, que quebrou completamente com o ambiente que se tinha gerado até aí.
David Guetta – 01h30 – palco MEO
Considerado um dos melhores DJ’s do mundo, David Guetta era o nome mais aguardado da noite e, depois da acalmia gerada por James Morrison, competia ao francês recuperar pelo menos a energia dos concertos de Orelha Negra e La Roux.
Com o recinto a abarrotar para o receber, Guetta trouxe até Gaia um espetáculo onde a sua missão consistiu exclusivamente em fazer a festa e nem o complexo cenário, jogo de luzes ou toda a pirotecnia presente em palco distraiu o público e o DJ desse propósito. Pelo contrário.
Logo no fim da segunda música, e após servir uma dose enorme de pirotecnia na abertura do concerto, David Guetta pergunta ao público se está disposto a transformar esta noite na melhor festa de sempre, e a resposta não podia ser mais positiva: de uma ponta à outra, o recinto está transformado numa enorme pista de dança, num verdadeiro mar de corpos e braços no ar, que respondem cegamente às instruções do mestre de cerimónias Guetta.
À semelhança de James Morrison, o DJ também pareceu verdadeiramente feliz por estar em Gaia esta noite e, alternando entre temas da sua lavra e remixes de músicas como Song 2 dos Blur, foi-se dançando e festejando como há muito não se via em Gaia.
Sem dúvida que nesta segunda noite de Marés a vontade de fazer a festa foi rainha, e David Guetta foi o mestre de cerimónias perfeito para fazer cumprir tal desejo.
Texto: David Silva
Fotografia: Anais F. Afonso
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