Um espetáculo dentro de um espetáculo e outro espetáculo ainda. Assim, como se fosse simples, como se fosse sempre, como se fosse fácil. Os girassóis, tempestades e mensagens de amor de Marisa Liz são únicos, cuidados, desenhados e presenteados até ao ínfimo pormenor. Todos os detalhes somados, polvilhados de rebeldia, de música, de garra e de amor despertam o melhor que há em cada um de nós.
Havemos de lembrar esta noite por dias, havemos de sorrir ao recordar os abraços, as mensagens em rascunho há anos por enviar, as pessoas que estavam ao nosso lado, à nossa frente ou atrás de nós. Porque esta noite foi nossa, foi de Marisa, e no Coliseu fomos juntos, fomos mais, fomos melhor. É esse o poder da música!
Permitam-nos começar pelo fim. Porque os fins marcam reinícios e recomeçar é uma dádiva. «Podem desistir de me tentar fazer desistir»: foi esta a mensagem do cartão de visita do cesto, no fim do espetáculo. Nem o fim do concerto marca um ponto final às sensações (boas) que tomam conta de nós. Ainda as sentimos vivas, ainda dão vontade de dançar, de cantar, de aplaudir, uma e outra vez…
Como tudo começou? Com uma sala do Coliseu completamente esgotada, envelopes azuis, rosas e amarelos, acompanhados de corações de papel das mesmas cores, mensagens de amor a ecoar pela sala, num cenário ainda por desvendar.
Os primeiros acordes de “A Outra” abrem as cortinas, Marisa Liz no centro do palco, com um manto de flores multicoloridas e uma presença que nos prende e há-de manter-nos cativos durante as próximas duas horas de concerto.
No alinhamento “Silêncio”, “Quem Nunca”, “Olha lá”, “Azar o teu” e “Por Amor”. Por esta altura, já Marisa Liz tinha trocado a indumentária preta pelo fato amarelo, com chapéu de chuva a condizer. Já algumas surpresas tinham sido reveladas. Mas havia mais e, como se fosse possível, havia melhor.
Bia, a filha de Marisa Liz, sobe ao palco para interpretar a solo “What was I made for”. São os duetos que marcam esta nova etapa, com a cantora e Bia, num emotivo “Contigo”, seguido de “Dia de Domingo”, com António Zambujo a preencher a enorme tela do cenário, e a entrada em palco do Mundo Segundo, com o tema “Finalmente aconteceu”.
Mas não pensem que o concerto foi “apenas” marcado por músicas e extraordinárias colaborações. Fosse só e ainda assim a noite teria valido a pena. Mas almas grandes voam mais alto. Houve confetis multicolores, uma inolvidável declaração de amor, um pedido de casamento, corações a flutuar no ar, girassóis a dominar a cena, as vozes do público no tema “Foi Assim”.
A nova roupagem de “Asas”, dos GNR, e de “À minha Maneira”, dos Xutos, levam o público ao rubro. Num fim que se aproxima a passos largos, com o potente tema “Virar a Cara” e as lanternas dos telemóveis, em tons de rosa, de verde e de amarelo. «Juntos vamos mudar agora», canta Marisa Liz, um passo de cada vez, creio eu, movidos por tanta cor, tanto amor.
No encore, “Amanhã”, seguido do encantador dueto com Aurea em palco, “Eu Gosto de Ti”, para terminar com uma homenagem a António Variações, com o tema “Guerra”.
Muito foi dito ao longo das mais de duas horas, muito foi cantado, muito foi vivido. A imponente sala do Coliseu Porto Ageas tornou-se demasiado pequena para tantas emoções.
Marisa Liz é um ser de luz, nasceu para o palco e sabe, como poucos, as artes de cantar, entreter e comover. Não necessariamente por esta ordem, mas todas ao mesmo tempo. Num verdadeiro hino às suas “Mensagens de Amor” e ao seu álbum a solo “Girassóis e Tempestades”.
Não a deixem escapar, num próximo concerto da digressão. Um espetáculo que merece ser vivido! E, como sublinha a Marisa, «Podem desistir de me tentar fazer desistir».
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