O fadista falava a propósito do projeto "Tantos Fados - O Outro Lado de Tantas Lisboas", que apresentou no início do ano e que, por proposta da Fundação INATEL, em parceria com a Fundação do Oriente, vai apresentar no Festival do Monte, que decorre entre os dias 1 a 3 de fevereiro de 2013, em Goa.

"Este projeto vai ao encontro daquilo que nós, pessoas do fado, devemos fazer, que é arranjar formas de salvaguardar o património que só pode ser preservado se for conhecido e entendido, daí haver uma vertente didática, de 'workshop', além do concerto", explicou o intérprete de "O homem do Saldanha".

A ideia é levar este projeto também às escolas e bibliotecas do país. Antes, porém, em fevereiro, no Festival do Monte, na Índia, Marco Rodrigues e os músicos que o acompanham, além do concerto, vão fazer um "workshop" em que "se explicará as técnicas para se tocar os instrumentos de fado - porque, quer a guitarra portuguesa, quer a viola, têm especificidades -, e também mostrar algumas características do fado tradicional, tanto ao nível literário como de composição musical".

O plano de salvaguarda inscrito na candidatura aprovada pela UNESCO "prevê um programa educativo", prosseguiu o fadista, que citou explicitamente o texto oficial, lembrando que se deve verificar a "integração transversal de conteúdos relacionados com o universo e cultura do Fado nos programas escolares dos vários níveis de ensino - do básico ao superior -, articulando as perspetivas académicas e científicas com o saber e a participação efetiva da comunidade do fado: intérpretes, músicos, autores, compositores, construtores de instrumentos'".

"Há ainda uma outra vertente, que é aproximar pessoas da região ao concerto", continuou o fadista, admitindo a possibilidade de "até poderem partilhar o palco".

Referindo-se à música indiana, Marco Rodrigues afirmou que vai "partir à aventura", pois é, para si, "um território desconhecido".

Para o músico "todas as músicas tradicionais têm semelhanças entre si, arrastam a história do povo e da cultura, do quotidiano das pessoas e os sentimentos tocam-se".

"Será fantástico aproximarmos duas músicas tão fortes culturalmente [o Fado e a indiana] e talvez possamos encontrar algumas parcerias interessantes", afirmou.

O projeto de Marco Rodrigues, apoiado pelas fundações INATEL e Oriente, colheu um apoio financeiro da Direção Geral das Artes de 8.712 euros, cerca de 85 por cento do custo total, no âmbito dos apoios à internacionalização.

Marco Rodrigues venceu em 1999 a Grande Noite do Fado de Lisboa e passou a integrar o elenco da casa de fados Café Luso, no Bairro Alto. Em 2006 editou o álbum "Fados da tristeza alegre" e, no ano seguinte, foi distinguido com o Prémio Amália Rodrigues Revelação. Já em 2010 editou o álbum "Tantas Lisboas", que teve já este ano uma segunda edição com DVD.

O próximo álbum "está gravado", disse o fadista à Lusa, tendo apontado a data de saída "só para o próximo ano".

Atualmente, além dos concertos em que se apresenta, Marco Rodrigues assume a direção artística do restaurante típico Adega Machado, em Lisboa.

@SAPO/Lusa