Dedicado a estilos diversos, da “música jazzística-sagrada dos franco-egípcios Abdullah Miniawy Trio” à “prestação poética e teatral dos históricos germânicos Goethes Erben”, um dos coletivos mais góticos a atuar em Leiria desde sempre, o festival promovido pela associação Fade In compreende 23 espetáculos e uma sessão de cinema em cinco espaços da cidade.
Será a maior e mais internacional edição de sempre, mas Carlos Matos, da Fade In, explicou à Lusa que “o crescimento tem sido natural” e “todos os passos são profundamente ponderados”.
“Não vale a pena crescer se isso não corresponder a um adicional programático que traga vantagens para o público e que não coloque em causa a sustentabilidade orçamental da organização”, referiu.
Para 2024, a Fade In conseguiu “aumentar a oferta sem hipotecar aquilo que para nós é um ponto de honra: não sobrepor espetáculos”, de modo a “dignificar a prestação de cada artista” e permitir “aos visitantes a fruição completa e sem atropelos de tudo o que preparámos”.
A dias de nova edição, mantêm-se os objetivos do Extramuralhas: “Que os intervenientes em cartaz assinem atuações de grande qualidade e suficientemente impactantes para que o público vibre, se emocione, se inquiete, e que, após os três dias de festival, regresse a casa com um sorriso nos lábios”, pela “satisfação e experiências memoráveis” vividas em Leiria.
Plural e abrangente, o festival afirma-se hoje em contraste com “o mundo distópico em que vivemos”, disse Carlos Matos.
Perante “a ascensão de forças que preconizam ideais de retrocesso civilizacional e onde proliferam guerras absurdas e fratricidas (quem diria que tudo isto iria, um dia, voltar a acontecer?), é imperioso que usemos a arte e a cultura como veículo de propagação de princípios de solidariedade, respeito pela igualdade de género, e desejo de paz”, bandeiras que o Extramuralhas tem erguido nos últimos anos, afirmou.
“Fazemos questão de as mostrar ao mundo”, salientou.
Uma das novidades este ano é a saída definitiva do Castelo de Leiria, onde o evento começou em 2010. A decisão de deixar de fora a Igreja da Pena, o único espaço do monumento ainda habitual na programação, deve-se à intenção de “centralizar cada vez mais o festival na baixa de Leiria”.
Segundo Carlos Matos, assim é possível “facilitar a logística” e “proporcionar melhores condições de fruição dos espetáculos”. Em edições anteriores o público experienciou uma Igreja da Pena “demasiado quente e pequena para acolher tanta gente, dificultando o pleno usufruto que cada espetador merece viver em cada concerto”.
Em alternativa, o Extramuralhas estende-se agora “à lindíssima Igreja da Misericórdia”, no centro de Leiria, espaço que acolhe o Centro de Diálogo Intercultural, e que é “mais eficiente, mais fresco e que proporciona um cenário igualmente magistral”.
A programação reparte-se ainda pelo Teatro Miguel Franco, também pela primeira vez, e, como habitualmente, ao Jardim Luís de Camões, Stereogun e Teatro José Lúcio da Silva.
No primeiro dia, 22 de agosto, estreia o documentário “S/He Is Still Her/e” sobre Genesis P-Orridge e atuam Abdullah Miniawy Trio (Egito/França), Douglas Dare (Inglaterra), Goethes Erben (Alemanha), Sextile (Estados Unidos da América), Kite (Suécia), Kalte Nacht (Grécia) e Carlos Grabstein (México).
Em 23 de agosto, o Extramuralhas apresenta Deena Abdelwahed (Tunísia/França), mARCIANO (Portugal), Dancing Plague (Estados Unidos da América), Soap&Skin (Áustria), Blind Delon (França), Years of Denial (França), Fotocopia (Espanha) e Sergio Delirio (Espanha).
A fechar o festival, tocam Hatis Noit (Japão), No | On (Portugal), Bounded by Endogamy (Suíça), Shad Shadows (Itália), Curses (Estados Unidos da América/Alemanha), Dead Light (Inglaterra), Dame Area (Espanha) e Yami Spechie (Peru).
Comentários