Bastante lisonjeado por visitar a invicta na companhia de M83, Remiddi foi acolhido por uma sala composta, ainda a meio gás, mas disposta a deixar-se embalar pelas sonoridades Dream Pop, Lo-fi e Synth-Pop de Porcelain Raft.Abundavam osque pouco ou nada conheciam do projeto de Remiddi, mas nem por isso faltou dança, boa disposiçãoe calordurante os cerca de 45 minutos que antecederam a viagem ao espaço protagonizada por M83

Estrategicamente ou não, Remiddi atuou sem parar, não dado aso a dispersões, com as músicas a surgirem umas atrás das outras, como se da apresentação de um álbum conceptual se tratasse. Com grande presença e fervor em palco, Remiddi deu o seu melhor, perante um público que, com o aproximar das 23h00, se começou a mostrar impaciente, ansioso que estava pela subida ao palco dos galácticos.

Aguardada desde outubro de 2011 nos palcos nacionais- altura em que foram anunciados os espetáculos de M83em Portugal - a banda trouxe ao Porto "Hurry Up, We're Dreaming" (2011), o seu mais recente exemplar discográfico, numa atuação introduzida pelo som de sintetizador, digno de uma odisseia no espaço, e por um ser extraterrestre, que surge inesperadamente em palco e alegremente saúda o público, antes dos seus comparsas mostrarem cara, corpo e dotes musicais.

Teen Angst, de "Before The Dawn Heals Us" (2005), marca o arranquedum concerto arrebatador, que seguiu com Graveyard Girl, de "Saturdays = Youth", de 2008, a ganhar tonalidades de post-rock. Depois, sim, o olá ao mais recente registo discográfico, com o single Reunion a fazer soltar a euforia, o êxtase acumulado e os passos de dança mais inusitados dos presentes.

O clima de festa abranda por minutos, enquanto Anthony agradece a todos a receção digna de rei e explica ser esta a sua primeira visita ao Porto e também a Portugal, com o qualdiz estaragradavelmente surpreendido.

A aventura galáctica continua, então, ao som de We Own The Sky, noutra alusão a "Saturdays = Youth", e estende-se, entre outras,a Fall, que integrou a banda sonora de "Tron: Legacy", Bright Flash e, claro, a Midnight City - a mais aguardada e celebrada da noite.

O encore, após uma estonteante atuação,foi servido com Skin e Couleurs.

Há muito que não se via o Hard Club assim tão cheio, com os M83 a darem mais do que provas de que vale a pena sair de casa num dia que, para muitos, é destinado, exclusivamente, ao descanso. Uma experiência soberba de música eletrónica, candidata - e ainda março vai a meio - a uma das melhores do ano.

Em jeito de remate, o esclarecimento, para os que partilharam, ao longo do concerto, as suas dúvidas: a personagem extraterrestre foi encarnada por Morgan, segunda voz e rainha das teclas.

Fotografias: Filipa Oliveira
Texto: Ana Limão