São já conhecidos os frequentes exageros com que a peculiar imprensa musical britânica destaca muitos dos novos artistas, atirando-os para um patamar de genialidade sem igual que só é superada daí a um par de meses (ou de semanas, conforme os casos), quando chega a hora de endeusar novas coqueluches e terminar os quinze minutos de fama das anteriores.

Em 2007 uma das principais apostas foram os Klaxons, jovem trio londrino que gerou algum burburinho com a edição de singles e um EP e viu alargado o hype com o lançamento do primeiro álbum, "Myths of the Near Future".

Admita-se que a banda é um projecto promissor, mas ao ouvir o disco é inevitável não ficar com a sensação de que grande parte do que foi escrito colocou a fasquia demasiado alta. O rótulo new rave, com que muitos o catalogaram, é disso exemplo, pois embora tenha surgido a partir de uma piada do vocalista foi utilizado para designar um movimento emergente mas que, a julgar pelo álbum, não parece ter grande fundamento.

De facto, há aqui ocasionais sinais da herança de uns Prodigy e demais representantes da facção inglesa dançável de inícios de 90 - evidentes na sirene de "Atlantis to Interzone" ou na explosão visceral "Four Horsemen of 2012" -, mas fugazes contaminações não chegam para originar um subgénero, a menos que só se considerem as cores garridas das roupas e dos videoclips do grupo.

Curiosamente, a maior parte das canções do disco até se aproxima mais da madchester de finais de 80 e do pós-punk praticado por inúmeras bandas recentes do que de nomes associados à cultura rave, como uns LFO, Fluke ou Orbital. Não há por aqui nada de muito inovador, mas "Myths of the Near Future" até resulta numa fusão relativamente bem conseguida.

Não obstante as muitas arestas por polir, o disco prova que faz sentido colocar os Klaxons na selecção de esperanças britânicas, mas não mais do que isso. Nada que os aproxime, por enquanto, de um mito, ainda que não faltem álbuns de estreia que estejam mais longe desse estatuto.

Os Klaxons actuam, como cabeças de cartaz, no Palco Principal do Festival Paredes de Coura a 30 de Julho.

@Gonçalo Sá

No ano passado, os Klaxons deram uma das melhores (e mais dançáveis) actuaçõesdo Optimus Alive!, em Oeiras. O SAPO Música esteve por lá e falou com o guitarrista Simon Taylor-Davis:

Veja também o videoclip do novo single, "Echoes":