Envolvido pela atmosfera bucólica dos jardins do palácio Marquês de Pombal, o trio composto por Philippe Solal (francês), Eduardo Makaroff (argentino) e Christoph Müller (suíço) tardou a ‘puxar’ o público para a sua dança, face a um início de concerto algo ‘morno’, que contrastava com a noite fresca no Oeiras Sounds.

Aliás, o ponto mais alto da noite surgiu quase na despedida da banda do palco, com o clássico “Santa Maria (del Buen Ayre)” a animar os milhares de pessoas que preenchiam os jardins. Já a abertura do espectáculo revisitara através de “Época” o álbum de estreia ‘Revancha del Tango’, de 2001, ainda hoje o melhor cartão de visita dos Gotan Project e o que mais carinho desperta entre a legião de fiéis portugueses.

No entanto, “Tango 3.0” – lançado em Abril – foi bem acolhido por novos e velhos seguidores da banda. O novo disco mereceu especial atenção no alinhamento, com destaque para “Desilusión”, “Tu Misterio”, “Peligro” e sobretudo “Panamericana”, uma autêntica viagem sonora entre os cenários western norte-americanos e os bares mais tradicionais de Buenos Aires.

Cenicamente, o palco alternava entre os tons vermelho, azul e preto, num quadro pintado pela simplicidade, onde apenas as imagens projectadas atrás da banda quebravam a suave ordem natural das músicas.

O trio estendeu-se em algumas músicas até um septeto, mas nem por isso houve uma maior interacção com o público. Todavia, os músicos ainda se arriscavam um pouco na língua de Camões, convidando o público a dançar e tornando por breves momentos os jardins num salão de tango. E para quem não se aventurava nos passos lânguidos do tango, restava sempre namorar com os ecos electrónicos da música de Astor Piazzola.

O ‘adiós’ dos Gotan Project deu-se após uma hora e meia de concerto agradável, mas sem grandes surpresas. O Oeiras Sounds prossegue agora no dia 22 com os Roxy Music.

Texto @João Godinho/ Fotos @David Oliveira