As gaitas, os bombos populares e os cantares alentejanos invadiram Lisboaontem à noite.Mas, foi ao som da sanfona de Carlos Guerreiro que a aventura teve início, numa noite em que o grande auditório da Culturgest esteve quase esgotado, para assistir ao concerto dos Gaiteiros de Lisboa. “Conde Ninho” e “Fez Sábado Quinta-Feira” foram as primeiras amostras de “Avis Rara”- o mais recente trabalho do coletivo - a serem ouvidas. Seguiu-se “Velha Bufelha”, do disco “Macareu” e, de regresso ao álbum deste ano, ouviu-se “A Devota da Ermida” e “Proparoxitonias”.

As participações especiais não tardaram. Apresentada como vocalista da banda, que representa o “símbolo da vitalidade, da nova música portuguesa”, Ana Bacalhau, do grupo Deolinda, foi a primeira convidada da noite. Ana foi chamada a interpretar a canção “Os palácios da Rainha”, que fechou – sob uma enorme salva de palmas – esta primeira visita a “Avis Rara”.

De seguida, os Gaiteiros de Lisboa, recordaram álbuns mais antigos,num momentoque Carlos Guerreiro intitulou de “litúrgico, levemente obsceno”, reunindo, numa «trilogia», as músicas “Quando Judas Teve Sarampo”, “As Freiras De Santa Clara” e “Trângulo-Mângulo”, dos discos “Macareu”, “Satiro” e “Bocas do Inferno”.

O poema de Alexandre O’Neill “A Uma Ingrata” marcou o regresso ao álbum “Avis Rara”. Logo após, Zeca Medeiros – conceituado músico e compositor – foi convidado a subir ao palco para cantar, em conjunto com os Gaiteiros, a canção “Praga”. A lista de participações não ficou por aqui. Para ajudar à interpretação de “Avejão” – música que Carlos Guerreiro dedicou “aos rapazes que nos governam e nos dirigem...” – foram chamados ao palco Sérgio Godinho e Armando Carvalhêda que, em conformidade com a banda de Coimbra, proporcionaram um momento musical rico e diversificado.

Para o final, estava guardada a canção “Era, Não Era Do Tamanho De Um Pardal”, do disco “Macareu”, a qual encerrou o concerto sob um aplauso fogoso por parte do público.

De regresso, para o encore, a banda relembrou ainda os clássicos “Subir, Subir” e “Lenga-Lenga”, que dizem respeito aos álbuns “Dança Chamas” e “Invasões Barbaras”. Na derradeira despedida do grande auditório da Culturgest, o público aplaudiu de pé a excelente prestação, dos Gaiteiros de Lisboa, que foi caracterizada por uma forte e variada componente instrumental e uma lista de convidados de luxo.

Manuel Rodrigues