O programa da comemoração dos dez anos da classificação da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia como património mundial estende-se por todo o mês de junho, com a componente cultural centrada no fado e canção de Coimbra, foi anunciado esta segunda-feira, em conferência de imprensa de apresentação da iniciativa organizada pela associação RUAS (Recriar a Universidade, Alta e Sofia), pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC), com apoio da Direção Regional de Cultura do Centro.
“Um dos problemas da tradição é ficarmos presos nela. Um dia, aquilo que hoje é tradicional, foi inovação, e tentámos esse equilíbrio, de procurar novas sensibilidades, novas permeabilidades que frutifiquem e lancem novos caminhos” para o fado de Coimbra, disse o vice-reitor da UC Delfim Leão, quando questionado pela agência Lusa na conferência de imprensa.
A guitarra portuguesa em diálogo com órgão da Capela de São Miguel (5 de junho), a canção de Coimbra despojada das guitarras e apenas com voz e um piano que serve de “tela” (6 de junho), diversos grupos de fado a tocar no Convento do Carmo (dia 17) ou um diálogo entre o jazz e o fado no Colégio das Artes (dia 18) são algumas das propostas do programa comemorativo, afirmou o músico e antigo diretor do Conservatório de Música de Coimbra, Manuel Pires da Rocha, responsável pelas propostas culturais.
Diferentes vozes, gerações, estilos musicais e abordagens estarão em diálogo com o fado e canção de Coimbra, num programa que também circula por diferentes locais do património edificado.
O grande concerto acontecerá a 22 de junho, no Paço das Escolas, intitulado “No Princípio era o Fado”, um evento que irá juntar cerca de 200 pessoas “a tocar e a cantar”, com atuais e antigos estudantes e vários músicos que podem não ter uma relação direta com o fado de Coimbra, explicou Manuel Pires da Rocha.
O fado de Coimbra, que durante muitos anos foi cantado quase exclusivamente por homens, terá também mulheres a cantá-lo durante este programa, notou.
“Temos já um conjunto de mulheres que não praticam o fado ou canção de Coimbra por uma questão de género, mas por uma questão de encanto. Aquilo que fazem é produzir encanto através da canção. Numa universidade que é de muita gente, essa muita gente tem de estar representada, também sobre o ponto de vista sonoro”, vincou.
No programa, também estão incluídas várias sessões que procuram promover um debate com a comunidade em torno do património da UC.
A 1 de junho, será debatida a requalificação profunda que está a acontecer no Paço das Escolas, com a participação de dois antigos reitores da UC (Fernando Seabra Santos e João Gabriel Silva), o antigo pró-reitor e ex-diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, e o antigo reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa.
A 9 de junho, será apresentado o projeto de arquitetura para o Colégio das Artes e, dez dias depois, serão debatidos os jardins da Associação Académica de Coimbra, num momento que será para discutir uma ideia de projeto “para dar uma nova vida” àquele espaço, disse o vice-reitor Alfredo Dias.
Já o programa científico das comemorações irá abordar questões como a investigação do património da UC, a canção de Coimbra enquanto linha de investigação científica e a gestão sustentável de bens património mundial.
O programa completo está disponível em www.uc.pt/10unesco/programa/
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