
Uma amostra do trabalho deste projeto poderá ser visto nesta segunda-feira, na Praça de Lisboa, no Porto, com as atuações dos grupos do Centro Social e Paroquial da Nossa Senhora da Ajuda, Acapo e Espaço T.
Jorge Prendas, hoje responsável pelo serviço educativo, recorda que foi a primeira pessoa a fazer um “Casa vai a casa”, em fevereiro de 2008, e que nesse primeiro ano “de experiência e de afirmação do próprio modelo” quase que era tinham de procurar instituições que lhes “quisessem abrir a porta”.
Hoje, “com uma oferta de seis sessões por semana, mal abrimos as inscrições, no início de setembro, ficam preenchidas para o ano todo”, afirma, acrescentando que “o balanço é extremamente positivo”.
“Temos chegado a populações para quem a música não é uma presença diária e, muitos deles, nunca tiveram uma experiência musical”, destaca Jorge Prendas. “Estamos a falar de pessoas com necessidades especiais, de cidadãos seniores que são abandonados em lares e que, muitas vezes, não têm outra atividade durante o ano senão o “Casa vai a casa”.
Jorge Prendas faz notar que há uma grande diferença entre animação musical e aquilo que faz o “Casa vai a casa”. “Fazemos um projeto musical que é desenhado à medida das capacidades, competências e possibilidades dos grupos com que vamos trabalhar e essencialmente, gostamos de apostar num processo coletivo de criação em que as pessoas, sejam ‘espicaçadas’ para criar música”, explica.
O processo em cada instituição demora entre um mês e um mês e meio e no final, normalmente há uma apresentação daquilo que foi criado.
Cada dupla de formadores (neste momento trabalham seis pessoas no projeto, todos eles multi-intrumentistas) tem um quite, a que chamam” quite SOS”. Inclui vários instrumentos, placas de som, microfones, gravadores que, segundo Jorge Prendas, “lhes pode permitir gravar e deixar, dessa forma, uma recordação” e que lhes “possibilita decidir no momento o que vão fazer e como vão fazer”.
O resultado nunca é o mesmo “até porque as expectativas são diferentes de instituição por instituição”, explica o músico, lembrando que, por exemplo, que “as instituições de seniores são muito menos abertas à criação do que uma instituição prisional”. O que ele explica até pela prática escolar de cada grupo.
“A transmissão do conhecimento há muitos anos atrás era feita numa perspetiva em que o aluno recolhia o saber transmitido pelo professor e a capacidade de descobrir por si próprio não está tão viva nos cidadãos seniores”.
Com projetos em toda a Área Metropolitana do Porto Jorge Prendas confessa que gostaria que o “Casa vai a casa” fosse “mais longe” mas a capacidade de resposta este momento não o permite.
@Lusa
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