"Le Chant du Loup - Ameaça em Alto Mar" começa algures na costa da Síria, onde um submarino francês se prepara para resgatar uma equipa de forças especiais.

Chanteraide (François Civil) é o nosso protagonista, um analista acústico de guerra que, no centro da pressão claustrofóbica, tem de identificar a origem de um sonar desconhecido e dar o aval à operação. Com uma fragata iraniana no encalce do Le Titane, todos dependem deste prodígio com alcunha de Orelha de Ouro, mas os seus dotes vacilam e o submarino é detetado, obrigando-o a emergir e a enfrentar um helicóptero.

São vinte e três minutos que põe o realizador Antonin Baudry no mapa, onde iremos admirar este manual de suspense e de tensão cronometrada que muito deve aos filmes dos anos 90 e ao escritor Tom Clancy.

Nos minutos seguintes, "Le Chant du Loup" submerge na mente culpada de Chanteraide e opta por dar ao nosso super-herói de “ouvido tísico” o foco e possibilidade de redenção. A partir daqui, a narrativa torna-se frugal e descabida pois o nosso excelente operacional passa a garoto inconsequente num par de cenas, envolvendo-se numa relação amorosa e consumindo cannabis (algo que o vai deixar em terra), enquanto somos relembrados do seu peculiar talento em situações ridículas e forçadas.

Tudo isto acontece em detrimento do desenvolvimento consistente de uma narrativa sobre guerra geopolítica, onde as acções resultantes da fraca avaliação do Orelha de Ouro trazem uma retaliação balística vinda do Mar de Bering, deixando o clima de ameaça nuclear a pairar sobre a França e dois submarinos franceses em rota de colisão.

Infelizmente, quando a ação volta à tona, já é tarde demais para resgatar as boas ideias  nem o ambiente credível e detalhado dentro das cabines, onde Omar Sy ou Mathieu Kassovitz vocalizam o lingo técnico denso e entusiasmante deste "warfare" marítimo, salvam "Le Chant du Loup - Ameaça em Alto Mar" de ir ao fundo.

"Le Chant du Loup - Ameaça em Alto Mar": nos cinemas a 5 de setembro.

Crítica: Daniel Antero

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