O realizador moçambicano Sol de Carvalho, distinguido na primeira edição do Prémio António Loja Neves, pelo filme "Mabata Bata", recebe hoje o galardão, em Lisboa, anunciou a Federação Portuguesa de Cineclubes (FPCC).

"Este é um prémio que visa homenagear o cinema africano de expressão lusófona e, de forma póstuma, um grande promotor destas cinematografias", lê-se no comunicado da FPCC, referindo-se ao realizador, crítico e cineclubista que dá nome ao galardão, atribuído este ano pela primeira vez.

Coproduzido pela Promarte e a Bando à Parte, "Mabata Bata" é “um filme que se destaca pela sensibilidade do seu olhar humanista e solidário e pela atualidade da sua temática, mesclando com inteligência e delicadeza a tradição cultural africana com as feridas recentes e ainda não saradas da guerra civil em Moçambique", disse o júri constituído pela programadora Isabel Santos, o realizador Luís Filipe Rocha e pelo presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso.

Atribuído "em coprodução com a Medeia Filmes", o prémio será entregue hoje, às 21:30, no Espaço Nimas, em Lisboa, antes da exibição do filme, estando prevista a presença de Sol de Carvalho e do produtor Ricardo Freitas, indica o comunicado da FPCC.

Baseado no conto de Mia Couto "O Dia Em Que Explodiu Mabata Bata", o filme fala de Azarias, um jovem pastor "que um dia vê o seu melhor boi, Mabata Bata, explodir", por causa de uma mina terrestre.

Com fotografia de Jorge Quintela, "Mabata Bata" é protagonizado por Emílio Bila, Wilton Boene e Medianeira Massingue.

O realizador João Luís Sol de Carvalho nasceu na Beira, Moçambique, em 1953, cresceu em Inhambane, estudou cinema no Conservatório Nacional de Lisboa, e trabalha como jornalista, editor, fotógrafo e produtor, no país de origem.

O Prémio António Loja Neves, criado pela FCCC para homenagear o realizador e cineclubista, visa "promover e premiar a cinematografia produzida nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa", segundo o regulamento.

António Loja Neves, jornalista, escritor, realizador, programador e cineclubista, morreu em maio de 2018, aos 65 anos.

Esteve na fundação da Federação Portuguesa de Cineclubes, na Associação Pelo Documentário (Apordoc) e no Panorama - Festival do Documentário Português. Foi coorganizador dos Encontros Internacionais de Cinema de Cabo Verde e comissariou mostras de filmes lusófonos em vários países, do Brasil a Moçambique.

Foi ainda diretor da Cinearma, passou pela revista Cinema Português e pelo semanário África. Realizou os documentários "Ínsula" (1993) e "O Silêncio" (1999), este com José Alves Pereira.