A Disney admitiu esta terça-feira (7) estar a digerir mal a sua mega operação com a 21st Century Fox, mas está animada com o lançamento, em novembro, da sua plataforma de streaming Disney+, que representa uma ameaça para o domínio da Netflix.
No terceiro trimestre, encerrado em junho, a Disney acumulou ganhos dececionantes, apesar de uma série de estrondosos sucessos nos cinemas. No final de julho, "Vingadores: Endgame" tornou-se o filme com maior bilheteira da história do cinema, ultrapassando "Avatar".
O lucro líquido da Disney chegou a 1,437 mil milhões de dólares, uma queda de 51%. Em alta de 33%, o volume de negócios bateu 20,245 mil milhões, e o ganho por ação, a 1 dólar e 35 cêntimos, dececionou Wall Street.
A aquisição da 21st Century Fox em dezembro de 2017 por 71 mil milhões teve um impacto negativo duas vezes maior do que o previsto no lucro por ação, por causa do estúdio de cinema e do canal de desporto Star na Ásia.
Sozinho, o estúdio perdeu 170 milhões no terceiro trimestre por causa do fracasso de "X-Men: Fénix Negra", a última aventura da saga "X-Men" na Fox.
Os três últimos meses do exercício também devem ser afetados.
Em teleconferência com analistas financeiros, o CEO do grupo, Bob Iger, reconheceu que o desempenho do estúdio Fox estava "bem aquém do que havia conseguido no passado e muito aquém do que esperávamos quando fizemos a aquisição".
Para ele, o longo período entre o anúncio da aquisição e a integração final no segundo trimestre de 2019 teve um papel fundamental "numa atividade que requer decisões e uma atenção aos detalhes constantes".
"Tenho confiança que conseguiremos reverter a situação [...] e verão resultados dentro de dois anos", prometeu.
Aposta alta na Disney+
A Disney prevê para 12 de novembro o lançamento da Disney+, a sua plataforma de streaming que deve concorrer diretamente com o gigante do setor, a Netflix. O grupo aposta alto no sucesso que reunirá todo o catálogo família do reino encantado da empresa.
A oferta para um público mais adulto será pela plataforma de difusão Hulu, da qual a Disney detém 60% e assumiu o controlo operacional.
"A Disney+ será o serviço de streaming exclusivo da nossa ampla videoteca de filmes e de séries de TV, de todo o conteúdo da National Geographic, de todos os filmes Disney, Pixar, Marvel e Star Wars que vão chegar e uma enormidade de programas originais de qualidade", afirmou Iger.
A promoção da nova plataforma vai começar agora em agosto. Para torná-la mais atrativa, Iger anunciou que o grupo vai propor uma combinação Disney+, ESPN [desporto] e Hulu por 12,99 dólares por mês. A Disney+ sozinha custará 6,99 dólares, enquanto a Netflix tem planos entre 9 e 16 dólares.
Antecipando tempos melhores, o CEO da Disney mencionou os "blockbusters" que poderão ser vistos em excluviso na Disney+: "Vingadores: Endgame", "Toy Story 4", "Aladdin", "O Rei Leão" ou ainda "Capitão Marvel".
Desde o início do exercício, os estúdios Disney ganharam oito mil milhões de dólares, "um recorde para o setor", declarou Iger.
Segundo este responsável, até o fim do ano a Disney vai lançar títulos que devem levar multidões aos cinemas, como "Frozen 2" e "Star Wars: The Rise of Skywalker".
No terceiro trimestre, os estúdios de cinema da Disney registaram um volume de negócios de 3,8 mil milhões de dólares, uma subida de 33%, e um lucro operacional de 792 milhões de dólares, um crescimento de 13%.
As recentes manifestações, por vezes violentas, em Hong Kong também afetam a frequência do parque Disney, reconheceu Iger.
"Vocês sentirão os efeitos disso [das manifestações] nos resultados do trimestre em curso [...] elas causaram perturbações que reduziram o número de visitantes", explicou, acrescentando, porém, que o parque Disney de Xangai não foi mais afetado por isso do que pelas atuais tensões comerciais entre Pequim e Washington.
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