Nicole Kidman e Charlize Theron vão protagonizar um filme sobre "as mulheres da Fox News" que sofreram assédio sexual por parte do fundador e presidente da rede, Roger Ailes, avançaram várias fontes ligadas a Hollywood.
O estúdio Annapurna contratou a australiana vencedora de um Óscar Nicole Kidman para interpretar a ex-Miss America e badalada apresentadora Gretchen Carlson, uma percursora do movimento #MeToo, que estudou em Stanford e Oxford, e acabou denunciando e processando Ailes.
"Tendo sido a primeira pessoa a correr o risco, o que também significa que não posso partilhar todos os detalhes do que realmente aconteceu, espero que a história real seja retratada. A coisa mais importante é que agora há muito mais mulheres com credibilidade e que ganharam voz", escreveu Carlson num comentário sobre o ligação a um artigo da revista Variety comentando o papel de Kidman.
Segundo a revista, a sul-africana também oscarizada Charlize Theron vai interpretar a jornalista Megyn Kelly, famosa por enfrentar Donald Trump na campanha presidencial de 2016 e denunciar os abusos de Ailes. Ela agora apresenta um programa no canal concorrente NBC e ainda não reagiu à novidade cinematográfica.
Já a estrela em ascensão australiana Margot Robbie,que esteve na corrida aos últimos Óscares com "Eu Tonya", está em negociações para interpretar uma produtora associada da Fox, segundo o Hollywood Reporter, que será uma personagem fictícia.
O filme, que ainda não tem título, será dirigido por Jay Roach, com argumento de Charles Randolph (vencedor de um Óscar em 2015 por "A Queda de Wall Street", sobre a bolha imobiliária que provocou a crise do 'subprime' de 2008).
Roger Ailes, falecido no ano passado aos 77 anos, foi forçado a renunciar à presidência da Fox News em 2016, após várias denúncias de assédio sexual contra ele.
Veterano da comunicação social, ex-consultor informal de influentes políticos do Partido Republicano, Ailes era muito próximo do atual dono do canal e do grupo News Corp, Rupert Murdoch.
Apesar de todo o poder, caiu em desgraça quando 26 mulheres da rede Fox News denunciaram terem sido vítimas de assédio sexual da parte dele.
Ailes fundou a Fox News em 1996 a pedido de Murdoch. Desde o início, tentou definir o seu perfil como a alternativa claramente conservadora à programação dos canais CNN e MSNBC, e transformou-a no canal por cabo de maior audiência dos Estados Unidos.
O processo de Carlson contra Ailes abriu o caminho para uma enxurrada de denúncias de várias mulheres que o acusaram de as apalpar e de fazer comentários impróprios e tentaram expor o que consideravam como uma cultura misógina na rede.
A derrocada de Ailes ocorreu antes das primeiras denúncias de agressão sexual contra o poderoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein, em outubro de 2017, consideradas o início oficial do movimento #MeToo e da decadência de uma série de homens poderosos em várias indústrias.
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