Uma semana depois de terem estado no Cartoon Movie, em França, a apresentar o projeto para potenciais coprodutores, agentes e distribuidores, os dois realizadores e o argumentista Virgílio Almeida revelaram o trabalho de preparação já feito, hoje em Lisboa, no âmbito do Festival Monstra.

“Nayola”, que está ainda em fase de montagem financeira, será uma longa-metragem de animação portuguesa para adultos, que combinará técnicas de animação e imagem real e que tem ambições internacionais.

O filme é uma produção da Praça Filmes, com coprodução belga e angolana e com um orçamento de quatro milhões de euros, dos quais um milhão de euros resulta de apoio do Instituto do Cinema e Audiovisual.

José Miguel Ribeiro e Jorge António, radicado há mais de vinte anos em Angola, são experientes, premiados, mas descreveram “Nayola” como “um mundo novo” que vão explorar, do ponto de vista artístico e logístico, “para lá do limite”.

“Nayola” tem argumento de Virgílio Almeida a partir de uma peça de teatro escrita por José Eduardo Agualusa e Mia Couto, que por sua vez deriva de um conto publicado nos anos 1990 pelo autor angolano.

É um filme “sobre esperança, resistência e memória”, um “’journey movie’ com uma protagonista que não é uma heroína clássica” - descreveu o argumentista -, que cruza três gerações de mulheres e que tem a guerra civil de Angola como pano de fundo.

A estrutura do filme é complexa, por coligir duas histórias em momentos temporais distintos, e por ter várias técnicas de animação (desenho e 'stop motion') combinadas com imagem real.

Além de "Nayola", uma mulher que abandona a filha para procurar o marido, perdido em combate, e que passará por tortura, fome e abandono, o filme terá ainda como personagem um chacal, que fará a ponte com “o lado mágico de Angola e de África”, explicaram os autores.

Tudo isto está ainda em desenvolvimento, porque a rodagem das imagens reais e o trabalho de animação só começará em 2017 e deverá terminar em 2019.

“Nayola” só chegará aos cinemas depois disso, o que significa que José Miguel Ribeiro, Jorge António e Virgílio Almeida somarão quase uma década mergulhados neste projeto.

Ainda assim, explicaram que, sendo uma longa-metragem de animação, que pretende ter estreia comercial em sala, é preciso garantir já um distribuidor e conseguir angariar os cerca de trinta por cento de financiamento que ainda falta assegurar, até ao final do ano.