
Yves Boisset morreu aos 86 anos, anunciou a sua família na segunda-feira.
O realizador francês estava internado para tratamentos há vários dias no hospital franco-britânico de Levallois-Perret, em Hauts-de-Seine, onde morreu.
Proeminente na década de 1970, Yves Boisset fez vários filmes marcados pelo ativismo político, como "Dupont Lajoie" ("Férias Violentas" em Portugal, 1975), protagonizado por Jean Carmet, baseado em assassinatos racistas em Marselha cometidos alguns alguns anos antes.
Vencedor do Prémio Especial do Júri do Festival de Berlim, lutas e intimidações da extrema direita ocorreram durante a rodagem e o seu lançamento nos cinemas.
Um dos primeiros cineastas a abordar a Guerra da Argélia
Outro caso ocorreu com "L'Attentat" ("O Atentado"), filme de 1972 protagonizado por Jean-Louis Trintignant, inspirado pelo assassinato na França do líder da oposição marroquina Mehdi Ben Barka, que atacou o governo gaullista da época. A equipa foi proibida de filmar em vários locais. Ganhou o Prémio de Prata no 8.º Festival Internacional de Cinema de Moscovo.
Um ano depois, foi lançado "R.A.S" (de "Rien à Signaler" ou "Nada a relatar"), tornando-se um dos primeiros cineastas a abordar a Guerra da Argélia. Uma história de insubordinação que o líder de extrema direita Jean-Marie Le Pen e os seus aliados atacaram o mais que puderam. A censura exigiu que as cenas de tortura fossem encurtadas.
Argumentista dos seus filmes, também dirigiu "Espion, lève-toi" ("O Regresso do Espião", 1982), com Lino Ventura, "Canicule" ("Ventos de Violência", 1984), com Lee Marvin, e "Bleu comme l'enfer" (1986), com Lambert Wilson.
Um dos seus outros grandes sucessos foi "Un taxi mauve" ("Um Táxi Cor de Malva", 1977), com Philippe Noiret e Charlotte Rampling.
Yves Boisset ganhou um processo contra Arnold Schwarzenegger e o estúdio 20th Century Fox por "The Running Man" ("O Gladiador", 1987) que disse ter plagiado o seu filme "Le prix du danger" ("O Preço do Escândalo", 1983), com Gérard Lanvin e Michel Piccoli.
Cansado das constantes dificuldades que lhe eram colocadas no caminho, desistiu do cinema em 1991 e virou-se para a televisão, mantendo os temas políticos, destacando-se com "L'Affaire Seznec" (1993), "L'Affaire Dreyfus" (1995) e "Le Pantalon" (1997), este último sobre fuzilados durante a Primeira Guerra Mundial.
A sua autobiografia, publicada em 2011, chamou-se "La vie est un choix" ("A vida é uma escolha", em tradução literal).
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