Sobre este trabalho recentemente premiado no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, o júri considerou tratar-se de “um filme que se adentra no seio de uma comunidade forte”, no qual “a sensualidade, a resistência e a chama da revolução ardem entre petróleo, música e corpos que próximos sugerem outros futuros”.

Para o júri, “Mato seco em chamas” é “um jogo híbrido que dissipa fronteiras e convoca uma estética distópica, a partir da qual se antecipa o utópico”.

O prémio de Melhor Ficção foi para “Fogo fátuo” de João Pedro Rodrigues - que também foi premiado há pouco tempo no Festival de tendo o júri considerado que ,“depois do isolamento pandémico”, é um trabalho que "com inteligência” “reclama a sala de cinema como experiência coletiva onde os risos se contagiam, as cores e os espaços deliciam”.

Quanto ao prémio de Melhor Curta-Metragem, o júri atribuiu-o a “2.ª pessoa”, de Rita Barbosa, considerando-o um “filme desassombrado que oferece o seu tempo a uma voz testemunhal para o resgate de histórias por contar”.

“Através de uma câmara planante sobre as superfícies verticais da cidade somos conduzidos ao segredo”, sustentou o júri.

“Atrás dessas paredes”, de Manuel Mozos”, foi a escolha do júri para prémio Melhor Documentário, considerando tratar-se de um trabalho no qual “imagens de outros tempos, como fantasmas, trazem de volta um passado que, não esquecido, adensa o hoje se não nos demitirmos de refletir sobre lugar público e privado”.

“Ice Merchants”, de João Gonzalez, venceu o prémio Melhor Animação, considerando o júri tratar-se de “um filme sensorial e vertiginoso na escolha da perspetiva, com um uso brilhante da cor como símbolo e ausência, do som como extensão dos movimentos e adensamento da ação”.

O prémio Revelação foi para a jovem atriz Lua Michel que, "na qualidade inocente com que se entrega a cada relação" no filme “Alma Viva” encontra “em cada uma delas um estar denso, construindo uma ideia interior da relação entre o real e o transcendente”.

"Alma viva", realizado pela luso-francesa Cristèle Alves Meira, é o filme que vai representar Portugal nos Óscares.

O prémio de Melhor Interpretação Principal foi atribuído a Pedro Fasanaro, em “Deserto Particular”, pela sua “interpretação inteira na construção das duas personagens, Sara e Robson”, enquanto o galardão de Melhor Interpretação Secundária foi para Ana Padrão, em “Alma viva” que com “uma interpretação despojada numa travessia corajosa” vai “alicerçando a fronteira entre os géneros de ficção e documentário”.

Quanto aos restantes premiados na 28ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português, o Melhor Filme da Seleção Outros Olhares foi para “Objetos de luz”, de Acácio de Almeida e Maria Carré, tendo sido ainda atribuída uma Menção Honrosa a “Luana”, de Maria Simões e Tiago Melo Bento.

Na Seleção Ensaios, o júri atribuiu o prémio de Melhor Ensaio Internacional a “Ventanas”, de Jhon Ciavaldini, e uma Menção Honrosa para Ensaio Internacional a “The Midwife, de Anne-Sophie Bailly.

A Menção Honrosa Ensaio Nacional de Animação foi para “Rua do Caneiro”, de Leonor Faria Henriques, o Melhor Ensaio Nacional de Animação para “A maior gaiola do mundo”, de Marta Ribeiro e Catarina Colaço, o Prémio de Melhor Ensaio Nacional para “Mistida”, de Falcão Nhaga e a Menção Honrosa Ensaio Nacional para “No Fim do Mundo”, de Abraham Escobedo-Salas.

“Viagem ao Sol”, de Ansgar Schaffer e Susana de Sousa Dias, arrecadou o Prémio de Imprensa, e “Às vezes os dias, às vezes a vida”, de Janine Gonçalves, a Menção Honrosa.

No que respeita à Federação Internacional de Cineclubes, o Prémio D. Quijote foi para “Alma viva”, de Cristèle Alves Meira, e a Menção Honrosa para “Garrano”, de David Doutel & Vasco Sá.

Na categoria Seleção Caminhos, o prémio de Melhor Som foi atribuído a Ed Trousseau (“Ice Merchants”), o de Melhor Realização a Cristèle Alves Meira (“Alma viva”), e o de Melhor Montagem a Miguel da Santa (“Aos dezasseis”).

O prémio de Melhor Guarda-Roupa foi para Patrícia Dória (“Fogo fátuo”), o de Melhor Fotografia para Joana Pimenta (“Mato seco em chamas”), o de Melhor Direção Artística para João Rui Guerra da Mata (“Fogo fátuo”), o de Melhor Cartaz para Tiago Carvalho (“Aos dezasseis)” e o de Melhor Caracterização para Sofia Frazão (“A rapariga imaterial”).

Carlos Guerreiro e Manuel Riveiro (“Os demónios do meu avô) venceram o prémio de Melhor Banda Sonora Original, Cristéle Alves Meira e Laurent Lunetta (“Alma viva”) o de Melhor Argumento Original, Ana Padrão (“Alma viva”) o de Melhor Interpretação Secundária e Pedro Fasanaro (“Deserto particular”) o de Melhor Interpretação Principal.

Lua Michel (“Alma viva”) venceu o Prémio FSS Revelação, “2.ª pessoa” (Rita Barbosa) o Prémio União de Freguesias de Coimbra Melhor Curta-Metragem e “Ice Merchants” (João González) o Prémio Turismo do Centro Melhor Animação.

O Prémio Universidade de Coimbra Melhor Documentário foi para “Atrás dessas paredes”, de Manuel Mozos, o Prémio Cidade de Coimbra Melhor Ficção para “Fogo fátuo” (João Pedro Rodrigues), o Grande Prémio Cidade de Coimbra para “Mato seco em chamas” (Joana Pimenta e Adirley Barbosa e o Prémio do Público Crisótubos para “Alma Viva” (Seleção Caminhos), “Cesária Évora” (Outros Olhares) e “Midnight glow” (Ensaios).

A 28ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português começou no dia 05 e durante o certame foram exibidos 162 filmes no Teatro Académico de Gil Vicente, na Casa do Cinema de Coimbra, no Auditório Salgado Zenha e no Convento de São Francisco.