O costureiro francês Hubert de Givenchy, fundador da casa com o seu próprio nome, que morreu no sábado, aos 91 anos, também deixou um grande impacto no cinema,
Nascido em 1927, Hubert Taffin de Givenchy fundou a sua casa de alta-costura aos 25 anos, em 1952, altura em que realizou o primeiro desfile, na capital francesa. Manteve a direção criativa até 1995, cultivando um estilo desde sempre associado à imagem de atrizes como Audrey Hepburn e Laureen Bacall, Grace Kelly, como atriz e depois como princesa do Mónaco, ou Jacqueline Kennedy-Onassis.
O vestido negro concebido por Givenchy para Audrey Hepburn, na adaptação ao cinema da novela de Truman Capote "Breakfast at Tiffany's" ["Boneca de Luxo"], de Blake Edwards, tornou-se num símbolo de elegância e da casa de alta-costura francesa.
Por essa altura, a atriz (1929-1993) já era a sua musa, numa colaboração que se iniciou com "Sabrina" (1954) e continuou com "Ariane" (1957), de Billy Wilder.
Juntos definiram a imagem e estilo da atriz e na origem esteve um engano: em 1953, quando lhe disseram que "Miss Hepburn" iria ao seu atelier em Paris (para lhe pedir para fazer o guarda-roupa para "Sabrina"), julgou que era outra, Katharine Hepburn, com quem colaborara em "A Rainha Africana", de John Huston ("Férias em Roma", o primeiro filme como protagonista que tornou Audrey uma estrela e lhe valeu o Óscar, ainda não tinha estreado).
"Imediatamente tivemos esta grande simpatia juntos. Ela era uma bailarina e sabia perfeitamente como andar e mover-se. Recordo-me quando achei que o seu sorriso era lindo", recordou em 1995 ao Los Angeles Times sobre esse primeiro encontro.
A imagem de Givenchy encontrou reforço nos figurinos concebidos para cinema, nas décadas de 1950 e 1960, noutras colaborações com Hepburn em títulos como "Funny Face/Cinderela em Paris" e "Charada", de Stanley Donen, o segundo dos quais lhe valeu a única nomeação para os Óscares.
"A sua lealdade era espantosa. Ajudou-me tremendamente no meu trabalho", acrescentou o estilista na mesma entrevista.
Givenchy também ajudou a "vestir" Jean Seberg e Deborah Kerr em "Bom dia, Tristeza", de Otto Preminger.
Ao longo de mais de 40 anos, até ao seu afastamento da atividade, em 1995 - e mesmo depois da venda da casa ao grupo de luxo LVMH, em 1988 - Hubert de Givenchy dirigiu as coleções com o seu nome, construindo "um lugar à parte" na moda, primeiro, e na cosmética, mais tarde, como destaca o grupo.
Givenchy tinha "duas qualidades raras", era "inovador e intemporal", disse hoje o presidente do grupo LVMH, Bernard Arnault, citado pela agência France Presse, numa reação à morte do costureiro. O grupo LVMH detém a Louis Vuitton, entre outras marcas de luxo.
A Casa Givenchy, que mantém 'online' a próxima coleção primavera-verão, prestou igualmente homenagem ao seu fundador, saudando "uma personalidade incontornável no mundo da alta-costura francesa, símbolo da elegância parisiense durante mais de meio século".
"A sua abordagem da moda e a sua influência perduram", escreve a casa Givenchy. "A sua obra permanece pertinente, hoje, como outrora".
Uma retrospetiva das coleções de Hubert de Givenchy foi feita no ano passado, em França, assinalando os 65 anos da fundação da casa de alta-costura.
O Museu do Design e da Moda (MUDE), em Lisboa, detém exemplares de Givenchy, no seu acervo de alta-costura, entre os quais um vestido de 'cocktail', com uma túnica negra.
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