O festival Curtas de Vila do Conde, marcado para julho, vai mostrar o mais recente cinema português, dará ‘carta branca’ a João Gonzalez e contará com as presenças de Estibaliz Urresola Solaguren e Kleber Mendonça Filho.

A 31.ª edição do festival de cinema dedicado à curta-metragem, hoje apresentada, vai contar com 45 filmes nas competições nacional e internacional e com um programa que tanto estará focado em autores emergentes como em nomes premiados.

À agência Lusa, o diretor do festival, Nuno Rodrigues, sublinhou a produtividade atual do cinema português, com a submissão de cerca de 180 filmes nacionais, dos quais foram escolhidas 16 obras para a competição nacional.

“Temos um conjunto de obras fortes entre documentário, ficção e animação, de autores que já fizeram parte da história recente do Curtas e muitos outros, que surgem pela primeira vez no festival”, disse.

O programador lembrou ainda que um festival como o Curtas de Vila do Conde “tem um papel que é criar um espaço para essa dificuldade que existe” na exibição e distribuição de curtas-metragens no circuito comercial.

“Gostaríamos que os distribuidores a nível nacional por vezes e pontualmente assumissem alguns riscos e tentassem da voz a alguns destes autores e destas obras”, acrescentou Nuno Rodrigues.

Este ano a competição portuguesa contará, por exemplo, com “Natureza Humana”, de Mónica Lima, premiado em Roterdão, “Corpos Cintilantes”, de Inês Teixeira, estreado em Cannes, “2720”, de Basil da Cunha, “Blackpot”, de António Pinhão Botelho, e a animação “Sopa Fria”, de Marta Monteiro.

Fora das várias secções competitivas, destaque para a exibição dos filmes “Pátio do Carrasco”, de André Gil Mata, “O homem das pernas altas”, animação de Vítor Hugo Rocha, e o documentário experimental “Naquele dia em Lisboa”, de Daniel Blaufuks.

O Curtas Vila do Conde decorrerá de 8 a 16 de julho e a abertura contará com a estreia das três curtas-metragens do programa “Factory” do Festival de Cannes, dedicado à produção de cinema do norte de Portugal: “Espinho”, de André Guiomar e Mya Kaplan, “Maria”, de Mário Macedo e Dornaz Hajiha, e “As Gaivotas Cortam o Céu”, de Mariana Bártolo e Guillermo Garcia Lopez.

Além destes três filmes, a abertura será com a longa-metragem “20.000 espécies de abelhas”, da autora espanhola Estibaliz Urresola Solaguren, que estará no Curtas.

O filme, que fala sobre família e identidade de género, passou pelo festival de Berlim e valeu a Sofía Otero, de 9 anos, o Urso de Prata de interpretação.

O encerramento do Curtas contará com a presença do realizador brasileiro Kléber Mendonça Filho, para apresentar o documentário “Retratos Fantasmas”, “uma espécie de homenagem ao Recife e às histórias de cinema dentro da cidade”, disse Nuno Rodrigues.

Da extensa programação faz parte ainda um olhar especial ao cinema de animação do realizador João Gonzalez, premiado em 2022 com “Ice Merchants”.

No festival, João Gonzalez terá carta branca para apresentar algumas escolhas cinematográficas e contará com uma exposição dedicada ao processo criativo de “Ice Merchants”.

“Para nós pareceu-nos importante criar um momento especial” dedicado ao filme que colocou o cinema português nas nomeações para os Óscares e, indiretamente, colocou o foco no formato das curtas-metragens, opinou Nuno Rodrigues.

No festival, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, será ainda revisitado o cinema de Augusto Cabrita (1923-1993), conhecido sobretudo como fotógrafo, mas que também foi realizador e diretor de fotografia – por exemplo de “Belarmino”, de Fernando Lopes.

Anteriormente, a organização já tinha anunciado que daria especial foco ao cinema do realizador romeno Radu Jude e à produção da artista norte-americano Deborah Stratman.

Toda a programação, nomeadamente das várias secções competitivas, está em festival.curtas.pt.