Durante os dias do evento cruzam-se projeções de filmes, debates com a presença de autores, apresentações de livros e concertos.

“O que nós pretendemos é um encontro, na verdadeira aceção da palavra. Algo mais assente na partilha e não na competição. Nesse sentido, não é um festival convencional. Não tem prémios, nem passadeira vermelha, é mais assente no convívio e na partilha”, realçou, em declarações à agência Lusa, um dos dinamizadores, Mário Fernandes.

Na 15.ª edição, o programa está centrado em retrospetivas, “não integrais, mas bem representativas das obras” de três cineastas “de diferentes geografias, estilos e gerações”: o italiano Enzo Castellari, o espanhol Pablo Garcia Canga e o português Pedro Ruivo.

Está também prevista a antestreia do filme “Há uma sombra”, de Alejandro Pereyra, boliviano radicado no Fundão, distrito de Castelo Branco.

Mário Fernandes considerou Enzo Castellari “o cabeça de cartaz” deste ano.

O filme de Castellari “Keoma” é exibido no dia 31, às 17h00, seguido de um encontro com o realizador. Antes, às 15h00, os espetadores podem assistir a “Escape from the Bronx”, também do italiano.

Ainda de Castellari, no dia 30, são projetados “The big racket” (15h00) e “The inglorious bastards” (21h30).

De Pablo Carcía Canga foram selecionados “Por la vacía”, “La nuit”, “Tu tembleras pour moi” e “Las tiaerras del cielo”.

“Também gostamos de mostrar o cinema contemporâneo, internacional, e vamos fazer uma retrospetiva do Pablo García Canga, que é um nome importante do cinema contemporâneo espanhol”, explicou Mário Fernandes, do Cine Clube Gardunha.

O terceiro realizador em foco é Pedro Ruivo, que foi assistente de realização de nomes como Manoel de Oliveira, Wim Wenders ou Werner Schroater.

A película portuguesa de ficção científica “A força do atrito é exibida no dia 29, às 15h00.

“Temos também uma preocupação em relação à história do cinema português, que é dar a conhecer filmes soterrados, filmes mais invisíveis. Este ano vamos exibir um filme pouco visto, do realizador Pedro Ruivo, que foi um realizador importante até determinada altura e depois caiu um bocadinho no esquecimento”, sublinhou à Lusa Mário Fernandes.

Em paralelo, vai ser lançado o novo romance do escritor Manuel da Silva Ramos, “Os Cosmólogos não vão para o céu”, no dia 31, às 11h30, na Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade.

“É quase um libelo acusatório contra a extrema-direita. No livro há um partido fictício chamado Partido da Renovação Nacional. Pela sua forma muito cinematográfica de escrever, encaixa aqui que nem uma luva”, referiu o também cineasta Mário Fernandes.

Os Encontros de Cinema do Fundão abrem com um concerto inspirado no universo punk de Castellari, com Miguel Newton, vocalista dos Mata Ratos, Marta Ramos, Gonçalo Batista e as bandas No No e Move.

Outros realizadores, como Ronald Perrone, Santos Díaz, Júlia Betrian, Ángel Santos, André M. Garcia ou Manuel Mozos estarão também presentes no evento, para dialogarem num ambiente informal com o público e outros convidados.

“O facto de não ser um festival convencional, não ter prémios, estar assente na partilha, no convívio, na descoberta também do território, acho que isso traz singularidade, traz diferença, porque, normalmente, os festivais estão muito formatados”, reforçou Mário Fernandes.