O aclamado realizador de cinema mexicano Alfonso Cuarón promove uma campanha a favor das empregadas domésticas para que os seus chefes não deixem de pagar os salários durante a pandemia da COVID-19.

O vencedor do Óscar em 2019 pelo celebrado "Roma", cuja protagonista é uma empregada doméstica de origem indígena, abraçou a iniciativa do Centro de Apoio e Capacitação para Empregadas do Lar (CACEH), que pede respeito pelos direitos deste setor durante a pandemia.

"É nossa responsabilidade como empregadores pagar o seu salário neste momento de incertezas. O objetivo desta campanha é lembrar como é importante cuidar de quem cuida de nós e o respeito que as trabalhadoras merecem", disse o cineasta num comunicado divulgado pelos seus assessores de imprensa esta terça-feira (26).

Numa demonstração de gratidão, Cuarón dedicou "Roma" a Liboria Rodríguez, a empregada doméstica que ajudou a criá-lo e inspira a personagem de Cleo, interpretada por Yalitza Aparicio, a primeira indígena nomeada para Melhor Atriz pela Academia de Hollywood.

Roma

Segundo o CACEH, a maioria das 2,3 milhões das empregadas domésticas que existem no México vivem o dia a dia e não têm Segurança Social.

"Quarenta e dois por cento delas ganham entre um e dois salários mínimos e não um salário profissional, como determina a lei", disse à agência AFP Marcelina Bautista, diretora do CACEH.

O salário básico mensal no México é de 3.121,47 pesos (124 euros).

Bautista destacou que por causa da emergência sanitária - decretada pelo governo mexinao a 24 de março - estas trabalhadoras hoje "estão sem salário, sem emprego, com a incerteza de se os seus patrões as chamarão quando a pandemia terminar".

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, estimou no domingo que, devido à crise económica causada pela COVID-19, tenham sido perdidos um milhão de empregos formais em 2020, mas diz confiar que o seu plano de recuperação criará dois milhões.

A campanha "Cuide de quem cuida de você" é apoiada por organizações como a ONU Mulheres.