A segunda temporada da série documental “Light & Magic”, que se estreia no Disney+ Portugal na sexta-feira, vai trazer mais histórias inéditas sobre Star Wars e a revolução que a Lucasfilm trouxe aos efeitos visuais, através da sua divisão Industrial Light & Magic (ILM).

Depois de uma primeira temporada em 2022, “Light & Magic” regressa para contar os segredos por detrás de alguns dos filmes mais icónicos da história dos efeitos visuais, desde o universo Star Wars a “Parque Jurássico”, que em 1993 deixou boquiabertas audiências em todo o mundo.

“Esse filme é reconhecido como o momento na história do cinema em que tudo mudou, em que a tecnologia digital se tornou viável como ferramenta de efeitos visuais”, afirmou o realizador do documentário, Joe Johnston, numa conferência de lançamento. “E trazemos tudo até aos dias de hoje, com a tecnologia e projetos em que a ILM está a trabalhar neste momento”.

“Light & Magic 2” é uma viagem pela história recente do cinema com imagens incríveis da Lucasfilm, porque o realizador George Lucas gostava de filmar tudo, desde o trabalho em modelos às reuniões de pessoal.

“Uma das histórias importantes que eu queria contar com a segunda temporada era o efeito que George Lucas teve na tecnologia digital e no cinema”, explicou Joe Johnston. “Há milhares de horas de imagens de arquivo”, uma política da ILM que forneceu uma arca de tesouros do passado para permitir fazer esta série.

créditos: Disney+

É assim que “Light & Magic” consegue dissecar todo o processo que levou à execução de um dos filmes mais controversos do universo Star Wars: o Episódio I de 1999, “A Ameaça Fantasma”.

Era o primeiro filme da saga desde 1983 e uma prequela que ia explicar as origens de Darth Vader e do Império. As expectativas eram tão elevadas que fãs acamparam à porta das salas de cinemas durante semanas.

Mas quando o filme se estreou, em 19 de maio de 1999, os críticos torceram o nariz e fãs devotos questionaram as escolhas de George Lucas. A controvérsia ofuscou os avanços notáveis na tecnologia usada para criar Jar Jar Binks, o primeiro personagem totalmente gerado por computador a partir da performance de um ator, Ahmed Best. A segunda temporada de “Light & Magic” faz justiça a esse contributo para o avanço do cinema.

“Costumo dizer que Jar Jar andou para que Gollum pudesse correr e os Na'vi pudessem voar”, disse Ahmed Best na conferência, referindo-se aos personagens dos filmes subsequentes “O Senhor dos Anéis” e “Avatar”.

Best contou como foi difícil aguentar as críticas e a ridicularização por causa de Jar Jar, descarrilando a sua carreira e levando-o a ter pensamentos suicidas. “A parte dura foi não ter podido continuar aquele trabalho especial”, afirmou. “Queria ter continuado a participar no futuro da captura de movimento, porque vi o potencial que tinha. Estava muito entusiasmado não apenas pelos avanços tecnológicos, mas pela arte envolvida”.

"Star Wars: A Ameaça Fantasma" créditos: Disney+

Com imagens inéditas, é possível perceber como a tarefa de executar “A Ameaça Fantasma” foi monstruosa, porque não havia ferramentas capazes de criar a visão dos argumentistas e designers. Tudo teve de ser criado pela ILM, como explicou o diretor criativo Rob Coleman.

“Tínhamos uma reunião todas as semanas com um só ponto de agenda: conseguimos fazer este filme?”, lembrou. “Durante meses, se não mesmo um ano, a resposta era ‘não, não conseguimos’ – apesar de estarmos a fazer esse filme”.

Um dos desafios era como executar a linha do guião onde se lia sobre o exército Gungan (a espécie a que Jar Jar Binks pertencia). “Não tínhamos um sistema para fazer multidões. Conseguia se calhar meter 10 personagens num 'software' para os animar. Não tinha como fazer centenas ou milhares”, contou Rob Coleman.

O diretor falou das “palpitações” que a equipa sentiu ao longo do processo e do quebra-cabeças que foi resolver estes desafios. George Lucas, contou, nunca tinha dúvidas. “Vão-se embora, percebam como fazer e depois voltem”, dizia-lhes. “E nós íamos e conseguíamos”.

Agora, em 2025, a ILM continua a tentar empurrar as fronteiras do que é possível, tal como explicou Janet Lewin, diretora geral desta divisão da Lucasfilm.

“Estamos a ver avanços nas ofertas para entretenimento imersivo que fazem uso das técnicas que desenvolvemos para produção virtual”, indicou, mencionando trabalho feito para The Sphere, uma enorme esfera tecnológica para concertos e eventos em Las Vegas.

“É difícil dizer para onde iremos”, salientou. “Mas penso que uma das histórias sobre a ILM é que construímos em cima de cada inovação e não vejo isso a parar”.

A temporada dois de “Light & Magic” terá três episódios e estreia-se sexta-feira, 18 de abril, com um episódio por semana.

ARYG // MAG

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