Em declarações à Lusa, o coordenador do serviço educativo da Casa da Música, Jorge Prendas, explicou que a participação da Orquestra Som da Rua com o Digitópia Collective no projeto surgiu do «convite e da intervenção do British Council», parceiro da English National Opera (ENO), que quis saber qual o «interesse» da instituição portuguesa em participar no «Minioperas».

O «Minioperas» é uma competição, cujo objetivo passa por compor óperas de cinco minutos e que, a decorrer durante todo o ano, visa "encontrar novos escritores, compositores, músicos e realizadores de filmes", explicou o produtor digital da ENO, Jonathan King.

Com o propósito de «levar ópera a toda a gente», a ENO, uma das duas companhias de ópera de Londres, tem o «compromisso de desenvolver novos trabalhos e integrar novas pessoas», frisou Jonathan King, sendo que o British Council ajuda a instituição "a encontrar grupos interessantes, em todo o mundo", com quem possam trabalhar.

Nesse sentido, Jorge Prendas considerou que juntar a Orquestra Som da Rua, formada por sem-abrigo do Porto e integrado no serviço educativo há três anos, e o Digitópia Collective, com «formadores da Digitópia» da Casa da Música, «parecia uma parceria improvável», sendo que, posteriormente, só teve de comunicar à ENO e ao British Council o interesse na participação.

«Quando chegámos, [Orquestra Som da Rua e Digitópia Collective] fizeram três músicas para nós. Ficámos encantados, completamente surpreendidos", revelou Jonathan King, realçando o "quão enérgicos, criativos e empenhados» são os participantes.

No final de um dia e meio de trabalho, Elise Dye, da ENO, responsável por ajudar na criação artística, disse estar a «adorar» o grupo português, que considerou "fantástico", acreditando que estes passaram um «bom tempo» e aprenderam alguma coisa, ao criarem «algo realmente surpreendente».

«Estão sempre incrivelmente dentro do tempo, fazem exatamente o que lhes é pedido, são mais profissionais do que alguns profissionais com quem trabalho», acrescentou.

O concurso, que também decorre em Londres, Roma e Rio de Janeiro, teve já uma primeira etapa de escrita de guiões, sendo que agora se encontra na segunda, a de composição musical, referiu Jorge Prendas, acrescentando que, na terceira e última fases, vão «pegar nestes sons e fazer vídeos com os mesmos».

«Estou a gostar muito. Estarmos aqui é uma maneira de passarmos o tempo», afirmou o participante Manuel Costa, de 48 anos, que diz fazer "um pouco de tudo" na orquestra e gosta de «estar sempre ativo e conviver sempre que é possível» com o grupo.

Para o coordenador do serviço educativo, o que já estão «a ganhar são estes dias de trabalho», considerando, por isso, que «não existem» expectativas, já que é "secundária" a escolha da miniópera na prova.

«Estamos muito satisfeitos com o trabalho e é extraordinário ouvir quem vem de fora, quem nunca trabalhou com estes projetos, dizer que estão encantados e que está a ser um trabalho fantástico», concluiu.

@SAPO com Lusa.