Da lista das doações efetuadas recentemente, à qual a agência Lusa teve acesso, além do cravo que pertenceu à primeira cravista portuguesa que realizou digressões internacionais, constam ainda uma pianola ‘Angelus Winkelmann’ com 70 rolos, um arco de contrabaixo ‘Capela’, um piano vertical decorado com ‘chinoieries’ fabricado por Theodore Steglich, de Wittenberg, na Alemanha, entre outros instrumentos musicais, discos de vinil e peças várias.

Ao espólio do museu foi ainda doada uma flauta transversal da família Haupt, datada da primeira metade do século XIX, um retrato a óleo do compositor e antigo diretor do Conservatório Nacional Manuel Ivo Cruz (1901-1985), uma flauta transversal ‘Scott Ribas’, que terá pertencido a Joze Maria del Carmen Ribas (1796-1861), e um piano de cauda ‘Erard’, que pertenceu à pianista e antiga professora do Conservatório Nacional Albertina Saguer.

Do lote de bens doados ao Museu Nacional da Música, atualmente instalado na estação de metropolitano do Alto dos Moinhos, em Lisboa, "é impossível não dar um lugar muito especial ao depósito do Conservatório Nacional, a Escola Artística de Música do Conservatório Nacional, legado que se reveste da maior importância, não só pela sua dimensão, mas, sobretudo, pelo seu significado histórico, sendo um caso 'só por si'”, afirmou à Lusa fonte do museu.

Parte significativa do atual acervo do Museu Nacional da Música pertenceu ao Conservatório Nacional, onde esteve exposto, durante cerca de 30 anos, o então Museu Instrumental do Conservatório Nacional.

Em 1971, "a maioria das peças teve de sair deste espaço, tendo algumas sido guardadas inicialmente no Palácio Pimenta, em Lisboa. Alguns dos instrumentos ficaram no Conservatório Nacional, o que originou uma violenta separação da coleção, a retoma da ligação histórica ao Conservatório Nacional pelo museu resultou numa doação de 726 peças (52 instrumentos, 10 acessórios, 36 fragmentos de instrumentos e 578 fonogramas, entre discos de goma-laca e vinil, rolos de pianola, uma tapeçaria, uma litografia, nove fotografias e 39 matrizes)", disse à Lusa a diretora do museu, Graça Mendes Pinto Ludovice.

Neste depósito do conservatório, a diretora referiu "a enorme importância da recuperação de peças como a famosa trompa de harmonia encomendada a Marcel-Auguste Raux, em 1835, pelo 1.º conde de Farrobo [Joaquim Pedro Quintela do Farrobo], que se encontrava incompleta faltando as roscas e a descoberta da tapeçaria do século XVI representando instrumentos musicais, outrora exposta no antigo museu do Conservatório Nacional e que contou para a sua montagem com a colaboração do então diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, João Couto".

Proveniente do conservatório, de referir ainda o trombone baixo de vara transpositor com sistema de patilha, fabricado por Gebrüder Alexander, de Mainz, na Alemanha, dois pianos de mesa, de fabrico inglês, uma harpa ‘Erard’, datada de 1801, uma guitarra espanhola de 1947, um clarinete em Si Bemol, fabricado em Milão por Romeo Orsi (1843-1918), ou uma trompa natural, da firma belga fundada em 1836 por Charles Borroméee Mahillon (1813-1887), entre outras peças, como um gravador de fita, da marca Philips.

A lista de peças com origem no Conservatório inclui um cavaquinho construído por Domingos Martins Machado, de Braga, uma guitarra de cinco ordens construída por Miguel Rodrigues, do Sabugo, um clarim/'Bugle', de fabrico nacional, de Custódio Cardoso Pereira & C.ª, ou ainda a consola do antigo órgão do Salão Nobre do Conservatório.

A lista de doações, a que a Lusa teve acesso, inclui mais de 700 itens, incluindo um órgão com alguns tubos, datado do século XVIII, originário de Nápoles, no sul da Itália, um oboé, do fabricante francês Rigoutat, um cravo Neupert com dois teclados e cinco pedais, a caixa de um contrabaixo que pertenceu ao rei D. Carlos, um violoncelo que pertenceu ao rei D. Luís, além de centenas de fonogramas de que se destaca o conjunto de rolos de pianola.

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