Existem actores com poder e estrutura para construir toda uma produção à sua volta e se manterem no topo da primeira divisão "hollywoodesca"... Em "Um Homem de Família", este é o caso para Gerard Butler, claramente fora de "casting" num filme que até é seu, enquanto produtor executivo... no papel do "workaholic" Dane Jensen, que consegue ser mete-nojo numa profissão que tinha tudo para ser nobre: colocar profissionais em vagas do mercado.

E depois existem outros que conseguem criar profundidade emocional em guiões de plástico e descartáveis. É o caso de Alfred Molina, que interpreta um engenheiro de 60 anos com dificuldade em encontrar trabalho. A sua sinceridade, nervosismo contido e consequente explodir de felicidade é o mais honesto e sensível deste filme. E um filme à parte que valeria a pena ver.

E há ainda garotos com a naturalidade e ingenuidade pura, que trazem leveza e força a qualquer sofrimento, mesmo quando se trata de leucemia. Max Jenkins interpreta o filho de Dane Jensen, com ares de Thomas Horn do "Extremely Loud & Incredibly Close" (Stephen Daldry).

É com facilidade que já entendemos o destino desta história e a ligação entre estes três: o "workaholic" não liga puto à família, está-se bem a borrifar para o desempregado, o garoto fica doente, o "workaholic" começa a valorizar a família, encontra trabalho para o desempregado abdicando da sua comissão, o garoto salva-se... porque a escrita formulaica de argumentos tem destas coisas... convenientes e catárticas.

Temos ainda a rival Lynn Vogel (Alison Brie) e a esposa Elise Jensen (Gretchen Mol), que servem como diabo e anjo nos ombros de Jensen puxando cada uma a sua atenção, somente para amparar o arco narrativo de uma personagem que nunca cresce e, quando amadurece, acontece enquanto pestanejam...

Filme de estreia de Mark Williams, escrito pelo seu companheiro de armas Bill Dubuque (ambos produziram "Orzak", série de relevo da Netflix, "Acerto de Contas", com Ben Affleck, entre outros), procura explorar a ganância e a obsessão em atingir os limites de uma empresa, embrulhando numa história manipulativa de redenção. E feita para deixar cair uma lágrima naquele momento preciso.

Crítica: Daniel Antero

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